segunda-feira, 7 de setembro de 2009

ÉTICA E FILOSOFIA

O Ensino de Filosofia como uma tentativa de Reeducação ética em uma sociedade capitalista:
construção de uma problematização Histórico filosófica-educacional


Introdução
A história da nosso país nos mostra a importância que ensino de Filosofia pode engendrar nos rumos político-social de uma sociedade, visto que, durante a ditadura militar, o ensino de filosofia foi banido das escolas. Pois ela levaria os jovens ao questionamento, o que não era de interesse dos militares que estavam e visavam permanecer no controle político do país.
O ensino de Filosofia sempre foi encarado como um passo importante para a educação, politização e esclarecimento ideológico, visto que, este nos proporciona a base para entender o mundo, não aceitar as coisas de imediato, não acreditar no que parece ser óbvio, e compreender conceitos, mitos a ponto de nós criarmos os nossos próprios conceitos.
O conhecimento da Filosofia faz com que sejamos críticos, não aqueles que criticam apenas por criticar, mas aqueles capazes de criticarem e reelaborarem novos conceitos, conceitos estes capazes de mudar, transformar e até mesmo revolucionar, tudo para chegar a um ponto de equilíbrio.
O objetivo deste artigo é encarar o ensino de Filosofia,não com um caráter apenas transmissivo-assimilativo, ainda que crítico; mas como um ensino de Filosofia a partir de uma aprendizagem crítica dentro da própria prática.
O Papel do Educação no Desenvolvimento do cidadão
Podemos fazer a seguinte pergunta o que é ser um cidadão? É o individuo que possui direitos políticos? Ou são chamados assim pois possuem deveres sociais? Na verdade, o cidadão esta para além disto, a origem da palavra é grega, vem do latim “civitas” que designava os habitantes das cidades-estados romanas. Na polis grega havia um categoria de cidadão muito parecida com a atual, mas somente tinha direito as cidadania homens adultos, e proprietários de terras nascido na cidade. Eram excluídos da cidadania as mulheres, crianças e estrangeiros. O termo cidadania então é um pouco contraditório com a concepção atual, visto que, a ideia de cidadania é exatamente a revindicação de direitos.
Devemos tecer o termo cidadão então, através desta idéia, um indivíduo capaz de por si próprio de exercer sua cidadania, consciente de que possui sim direitos, mas também deveres, capaz de não se deixar manipular pelo sistema capitalista, alguém integro, ético, politizado.
O contexto do mundo atual impõe um grande desafio aos educadores: a formação de pessoas com habilidades necessárias para transformar informação em conhecimento e conhecimento em ações conseqüentes; a velocidade com que são produzidas e repassadas as informações exige uma forma mais elaborada de apreensão, possibilitando, assim, relacioná-las e delas extrair tudo aquilo que está implícito. Além disso, o indivíduo desta sociedade em rápida transformação, terá maior êxito se interagir com o meio.
Daí a importância desta educação filosófica, como podemos chamar, não é papel somente da filosofia, mas de todas as ciências, desenvolver o espirito crítico dos cidadãos. Mas a filosofia deve servir sempre como fonte de reflexão da realidade, subjetiva do sujeito ou da mundo.
Se ela tem por objetivo a formação da cidadania, primeiramente deve ficar bem claro que essa formação se dá essencialmente pelo fato da Filosofia buscar uma compreensão mais profunda da realidade, contudo isso, o cidadão deve desenvolver sua consciência que para compreender a si mesmo e a sua realidade, precisa ter clareza da relevância da Filosofia em suas ações, enquanto ser político e social situado na sociedade contemporânea.
Então, Ser cidadão é proceder de acordo com os valores estabelecidos pela sociedade em que estamos inseridos, pensar no outro como um outro eu, nisto se estabelece o direito e o dever, respeitar a todos que rodeiam como gostaríamos de ser respeitados e fazer pelo outro o que gostaria que fizessem por nós, esse é o princípio geral da Ética. Imannuel Kant defende essa ética universalista, tanto que desenvolve o principio do imperativo categórico,
[2] o filósofo alemão defendia que somos responsáveis por nossas escolhas, que é a função do imperativo categórico gerir o agir humano
A Filosofia como salvadora da Pátria
Para muitos esse termo salvador da pátria, pode até parecer pejorativo demais. Mas na verdade é uma máscara que caiu sobre o ensino desta disciplina, devido aos grandes índices de violência em que nosso pais esta mergulhado. seja na família,no esporte, na escola, há um lapso nas relações interpessoais. Alguns especialistas apontam o ensino da filosofia como uma saída deste caos. Tanto que, novamente em 2008 foi integrada nas escolas de ensino médio como disciplina obrigatória. Podemos nos indagar o por que desta reintegração filosófica?
Em Filosofia temos uma expressão chamada de atitude filosófica, Marilena Chauí
[3] afirma que assumimos essa postura quando começamos admitir como evidente, as coisas, os fatos, as situações, os valores, as idéias, os comportamentos, ou seja, é quando passamos a indagar as crenças que regem nossa vida. Assim a autora coloca:
Se, em lugar de discorrer tranqüilamente sobre “maior” e “menor” ou “claro” e “escuro”, resolvesse investigar: O que é a quantidade? O que é a qualidade? E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas idéias, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferisse analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade? Alguém que tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência. Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica.
[4]

A partir desta idéia de atitude filosófica, indaga-se o verdadeiro sentido da Filosofia. E de que forma ela vai influenciar na vida e no cotidiano de cada indivíduo. É partindo desse conceito que a filosofia como disciplina curricular chama pra si, as atenções e a responsabilidade de estudar, debater e esclarecer conceitos éticos.
Podemos então pensar que o papel da filosofia nesse contexto. É trazer a tona discussões como: o que é ética? O que moral? Em que elas se distingue? Como por exemplo;
● A moral- é o conjunto de nornas, costumes e leis que norteiam a vida em uma sociedade.
● A ética- é a disciplina filosófica onde é refletida criticamente a moral, para se por em prática se for o correto.
Então podemos atestar que o Papel da filosofia como disciplina é justamente provocar essas discussões em sala de aula. Como vimos, anteriormente, a educação é a base para a formação de um cidadão mais politizado. E a filosofia é o instrumento para o esclarecimento. Ou seja, é responsável por despertar nos alunos a curiosidade, aguçar o senso crítico e o poder de questionamento. Karl Jaspers
[5] assim coloca sobre a importância de filosofar.
Filosofar é decidirmo-nos á despertar em nós à origem,é reencontramo-nos e agir, ajudando-nos á nós próprios com toda a força....orientar filosoficamente a vida, não é esquecer, é assimilar, não é desviar-se, é recriar intimamente, não é julgar tudo resolvido é clarificar
[6]

Por tudo isso, podemos evidenciar a importância da filosofia, que vai nesse processo educacional desempenhar papel fundamental na formação da cidadania,
A relação da filosofia com a educação existe desde o mundo grego. Os filósofos gregos, em busca da arete humana, foram os que deram início às discussões sobre a filosofia da educação e seu sentido no mundo. Viam na educação um meio necessário para o alcance de uma cultura ideal e de uma alma purificada, capaz de elevar o homem ao conhecimento inteligível,
Na contemporaneidade as discussões entre Haberrnas e Rorty, podem contribuir para esclarecer um pouco a importância da filosofia na educação. Habermas Pretende desenvolver os aspectos comunicativos da racionalidade, Afim de produzir conhecimentos universais, que visam os interesses sociais. Enquanto Rorty pretende a construção de uma sociedade tolerante, que admita e respeite as diferenças, As discussões dos pressupostos da linguagem auxiliam no entendimento crítico,Discutindo os pressupostos práticos da linguagem, os autores desenvolvem pontos em comum, valorizando a vida e as experiências cotidianas
Aqui podemos notar a filosofia sendo colocada com um caráter prático, e não assimilativo ou contemplativo. Seja voltado à politicas sociais ou apenas ao desenvolver do senso crítico individual de cada cidadão, a filosofia tem sim um caráter educativo ético, que vem contribuir para a construção de uma sociedade mais justa.
Conclusão
Podemos enfatizar então que o ensino de filosofia é uma tentativa de reeducação ética, visto que, em nossa sociedade maioria dos valores se perderam em meio a tanta alienação.
A filosofia vai buscar então na pratica escolar desenvolver valores, atitudes e sentido de justiça, A filosofia no Ensino Médio representa portanto a possibilidade de se preparar o educando para o exercício da cidadania, para seu aprimoramento enquanto pessoa humana, ou seja. enquanto cidadão.
Durante todo o texto enfatizamos a importância da dualidade educação-filosofia ou a necessidade de uma educação filosófica, ou ainda como diria Schiller, que há uma profunda necessidade de uma educação estética, onde à saída seria a sensibilidade humana, seja por intermédio da arte ou pelo desenvolvimento da sua cultura, a filosofia tem essa função, abrir caminho para o esclarecimento racional do Homem.

Referências Bibliográficas
TREVISAM,LUIS AMARILDO E ROSATTO, NOELI DUTRA, organizadores, Filosofia e Educação Confluências, santa maria,Facos-UFSM,2005;
ARANTES, IVANI CATARINA, A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento. Fazenda org. Campinas, SP.PAPIRUS,1985. Coleção práxis.
SEVERINO, ANTONIO JOAQUIM,1941- Filosofia da Educação construindo a cidadania. SP.FDT,1994.
JASPERS, KARL, Iniciação Filosófica/ tradução Manuela pinto dos Santos, Guimarães editores. Lisboa.1993
REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS,V.1.n.1,RJ. Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos,1994
[1] Professora de filosofia licenciada pela Universidade Federal de Pelotas
[2] Age somente, segundo uma máxima tal, que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal." Kant E.; Fundamentos da metafísica dos costumes; RJ, Ediouro, sd:70-1,79.
[3] CHAUÍ, Marilena. Para que Filosofia? In: Convite à Filosofia. São
Paulo: Ática, 1997, 1º capitulo.
[4] CHAUÍ, Marilena. Para que F
[5] Jaspers. Karl “Iniciação Filosófica” p 116.117ilosofia? In: Convite à Filosofia. São
Paulo: Ática, 1997, 1º capitulo, p 6.
[6] Karl Theodor Jaspers Filósofo e psiquiatra alemão,

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