segunda-feira, 7 de setembro de 2009

A HISTÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO NO BRASIL

Filosofia no Brasil

A Revolução Industrial, o modelo de produção capitalista e as idéias de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa representavam o repensar das tradições, dos valores e das formas de viver e organizar a sociedade brasileira. A educação se inseria nesse contexto como salvação nacional, baseada no cientificismo e nas virtudes cívicas e patrióticas.
No Brasil a educação pós independência não obedecia a planos ou métodos definidos, visto que a preocupação das autoridades educacionais da época era estabelecer o ensino obrigatório como uma maneira de garantir a freqüência dos alunos às suas respectivas escolas, mesmo com toda a deficiência das mesmas (leis e regimentos descontextualizados, distantes de um processo ensino-aprendizagem).
O ensino era tido como público e gratuito voltado para a responsabilidade pela divulgação da ciência como a grande criação da humanidade, de maneira a torná-la acessível a todos. Em 1885 surgiram então os conflitos instalados pela oposição de idéias do Corpo Docente da Escola Normal (Religião da Humanidade) e pelo Estado Imperial (Religião Católica), detentor do poder político da época. O enfoque maior desse conflito era que pregar o positivismo enquanto Religião da Humanidade violava a Constituição de 1824, que considerava a Religião Católica Apostólica Romana como a religião do Império.
O resultado desse conflito foi a censura e a punição dos professores ditos positivistas e a reformulação da grade curricular da Escola Normal de São Paulo inserindo nesta a religião e evitando assim a perseguição dos segmentos católicos. Benjamin Constant, ministro e secretário de
Estado dos negócios da instrução pública, correios e telégrafos, e professor da Escola militar, foi um
adepto das idéias de Augusto Comte e introduziu o positivismo na educação brasileira, através da Instrução Pública Primária e Secundária de 1890/1891, oficializando um modelo de ordem escolar fundado no "sentido prático" como condição primeira para o progresso do conhecimento científico e da evolução humana. Para Constant a instrução era o meio mais poderoso para o engrandecimento moral e material do Brasil.
Como vimos até aqui A história da nosso país nos mostra a importância que ensino de Filosofia pode engendrar nos rumos político-social de uma sociedade, visto que, durante a ditadura militar, o ensino de filosofia foi banido das escolas. Pois ela levaria os jovens ao questionamento, o que não era de interesse dos militares que estavam e visavam permanecer no controle político do país.
O ensino de Filosofia sempre foi encarado como um passo importante para a educação, politização e esclarecimento ideológico, visto que, este nos proporciona a base para entender o mundo, não aceitar as coisas de imediato, não acreditar no que parece ser óbvio, e compreender conceitos, mitos a ponto de nós criarmos os nossos próprios conceitos.
O conhecimento da Filosofia faz com que sejamos críticos, não aqueles que criticam apenas por criticar, mas aqueles capazes de criticarem e reelaborarem novos conceitos, conceitos estes capazes de mudar, transformar e até mesmo revolucionar, tudo para chegar a um ponto de equilíbrio.

Filósofos Brasileiros

Marilena de Sousa Chauí

Marilena de Sousa Chauí (
São Paulo, 4 de setembro de 1941) é uma historiadora de filosofia brasileira. Professora de Filosofia Política e História da Filosofia Moderna da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É mestre (1967. Merleau-Ponty e a crítica do humanismo), doutora (1971,Introdução à leitura de Espinosa) e livre docente de Filosofia (1977, A nervura do real: Espinosa e a questão da liberdade) pela USP. É casada com o historiador Michael Hall. Chauí é autora de vários livros, dentre os quais se destacam:
➢ "Repressão Sexual",
➢ "Da Realidade sem Mistérios ao Mistério do Mundo",
➢ "Brasil: Mito Fundador e Sociedade Autoritária",
➢ "Professoras na Cozinha",
➢ "Introdução à História da Filosofia",
➢ "Experiência do Pensamento",
➢ "Escritos Sobre a Universidade",
➢ "Filosofia: Volume Único",
➢ "Convite à Filosofia",
➢ "
O que é Ideologia",
➢ "Política em Espinosa" ,
➢ "A Nervura do Real",
➢ "Espinosa: Uma Filosofia de Liberdade",
➢ "Brasil: Mito fundador e sociedade autoritária",
➢ "Cidadania Cultural",
➢ "Simulacro e poder".
Obteve o seu doutorado com uma tese sobre o filósofo
Baruch de Espinosa. É reconhecida, não só pela sua produção acadêmica, mas pela participação efetiva no contexto do pensamento e da política brasileira. Já foi secretária municipal da Cultura na cidade de São Paulo durante o mandato da ex-prefeita Luiza Erondina (1988-1992).
Sua obra escrita obteve um sucesso apreciável no meio acadêmico, mas algumas de suas obras, de linguagem simples e intenção didática, também despertam interesse de leitores não ligados à academia. "O que é Ideologia" (Ed. Brasiliense, Coleção Primeiros Passos) tornou-se um
best-seller e já vendeu mais de cem mil exemplares, bastante acima da média de vendas dos livros no Brasil. Continua ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT) e considera que a experiência à frente da Secretaria da Cultura do Município de São Paulo foi de extrema importância para tornar o trabalho ainda mais sintonizado com a realidade e os problemas nacionais.

Alguns prêmios e títulos
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2004 Título de Doctor Honoris Causa, Universidade Nacional de Córdoba -Argentina.
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2003 Título de Doctor Honoris Causa, Universidade de Paris VIII - França.
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2000 Prêmio Jabuti para o melhor livro brasileiro de humanidades A nervura do real, Câmara Brasileira do Livro.
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2000 Prêmio Multicultural Estadão - pela obra cultural e filosófica e pelo livro 'Nervura do real', O Estado de São Paulo.
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1999 Prêmio Sérgio Buarque de Holanda - melhor livro brasileiro de ensaios 'A nervura do real', Biblioteca Nacional.
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1995 Ordem do Mérito, Ministério da Educação e Cultura da República Árabe da Síria.
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1994 Prêmio Jabuti - para 'Convite a Filosofia', como melhor livro didático, Câmara Brasileira do Livro.
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1992 Ordre des Palmes Académiques, Presidência da República da França.

Apolinário José Gomes Porto-Alegre

Apolinário José Gomes Porto-Alegre (
Rio Grande, 29 de agosto de 1844Porto Alegre, 23 de março de 1904) foi um escritor, historiógrafo, filósofo, poeta e jornalista brasileiro. É considerado um dos mais importantes autores nascidos no estado do Rio Grande do Sul.
Vida
Apolinário Porto-Alegre nasceu na
cidade de Rio Grande, pertencente à província do Rio Grande do Sul. Teve como pais Antônio José Gomes Porto-Alegre (inspetor da alfândega de Rio Grande) e Dona Joaquina Delfina da Costa Campelo Porto Alegre. Em sua família, o interesse pela literatura também se manifestou em seus dois irmãos: Apeles e Aquiles José Gomes Porto-Alegre. Fez seus estudos primários em escola particular de Rio Grande, aos cuidados de seu primo Fernando Ferreira Gomes (1830-1896, filho do jornalista pioneiro Vicente Ferreira Gomes), que dirigia seu próprio estabelecimento de ensino naquela cidade desde 1853.
Por volta do ano de
1859, sua família muda-se para a cidade de Porto Alegre, onde tem contato com estudos na área de humanidades. Apolinário, dois anos depois, em 1861, inicia um curso na Faculdade de Direito de São Paulo, não concluindo o mesmo, devido ao falecimento de seu pai, em setembro de 1863. Retornando ao seu estado-natal, para sustentar sua família, começa a trabalhar como professor, primeiramente particular.
Foi depois contratado na escola particular do médico
Cyro José Pedrosa, um nome tradicional no ensino público da província. Logo passaria a dirigir suas próprias escolas: em 1867 undava seu primeiro estabelecimento de ensino: o Colégio Porto Alegre, com a assistência do irmão Aquiles. Em 1870, agora com o irmão Apeles como auxiliar, criava o Colégio Rio-Grandense. Deixou o irmão na direção em 1876 para inaugurar, com o colega Hilário Ribeiro, o Instituto Brasileiro, seu mais ambicioso e duradouro projeto. Esta escola, localizada na estrada do Caminho do Meio, nos arredores de Porto Alegre, funcionando como internato, deveria oferecer, para além de uma educação formal, uma formação integral que habilitasse a nova geração a construir um novo país republicano. Apolinário, com seu caráter republicano, numa época que não havia um partido republicano no estado, comemorava na escola datas como a Revolução Francesa e a Revolução Farroupilha. A escola funcionou por 16 anos até encerrar suas atividades em 1892.

Sociedade Pártenon Literário
Juntamente com um grupo de
republicanos e liberais funda, no dia 18 de junho do ano de 1868, na cidade de Porto Alegre, a Sociedade Pártenon Literário, de caráter romântico e regionalista. A Sociedade começou a publicar, em 1869, um periódico intitulado "Revista Mensal". O periódico teve várias interrupções e vários nomes. São eles:
· Revista Mensal;
· Revista do Pártenon Literário;
· Revista Contemporânea.
Foi neste periódico que Apolinário Porto-Alegre começou a publicar seus primeiros trabalhos, como
romances, contos, críticas, poesias, peças de teatro, etc. A Sociedade durou até o ano de 1880.
Murmúrios do Guaíba
Um grupo de autores resolvem abandonar a Sociedade Pártenon Literário, por volta do ano de
1870. Eles decidem, então, criar um novo periódico intitulado Murmúrios do Guaíba. O foco da publicação era o Rio Grande do Sul, mais especificamente, suas história, tradições, literatura, música, entre outros. Apolinário inicia, então, a colaborar com os textos presentes no Murmúrios do Guaíba, rompendo com o Pártenon Literário. Durante este período escrevendo, Apolinário, muitas vezes, assumiu os pseudônimos de Iriema ou Bocaccio. Colaborou com o jornal A Imprensa, o primeiro jornal republicano diário do estado, fundado por seu irmão Apeles. Durante a Exposição Brasileira Allemã criticou duramente a Carlos von Koseritz pelo modo que a exposição foi conduzida.
O escritor ainda escreveria para várias revistas e jornais. Destacam-se:
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A Reforma;
·
A Democracia;
·
A Federação;
·
Gazeta de Porto Alegre;
·
Jornal do Comercio;
·
O Guarani;
·
O Industrial.
Visão e atuação política
Apolinário Porto-Alegre era entusiasta da
república. Fundou o Club Republicano, convidando amigos, conhecidos e pessoas em geral, que dividissem os mesmos ideais. No entanto, desentendimentos internos fizeram com que ele abandonasse o clube, fundando logo depois a União Nacional, com o apoio do Partido Liberal. Tempos depois, a União Nacional mudou o seu nome para Partido Federalista. No ano de 1889, após a proclamação da república no Brasil, Apolinário Porto-Alegre se alia à Silveira Martins que lutava contra o governo do marechal Deodoro da Fonseca.
Obra
A obra de Apolinário Porto-Alegre possui como características o regionalismo e o romantismo. O Rio Grande do Sul é a temática de várias publicações, sendo sua principal
O Vaqueano, de 1872. Alguns críticos afirmam que a obra foi inspirado no livro O Gaúcho, de José de Alencar.
Conto
· Paisagens (
1874)
Historiografia
· História da Revolução de 1935
Poesia
· Poesias bromélias (com o pseudônimo de Iriema) (1874)
· Cabila (1874)
· Flores da morte (póstumo) (1904)
Romance
· Os palmares (
1869)
· O vaqueano (1872)
· Feitiço de uns beijos (
1873)
· Lulucha (publicano na revista O Guarani) (1874)
· Crioulo do pastoreio (
1875)
· Gracina
· Vaqueiro
· Flor da laranja
· Os dois amores
· O homem e o século
Teatro
· Cham e Jafé (
drama) (1868)
· Benedito (
comédia) (1872)
· Sensitiva (drama) (1873)
· Mulheres! (comédia) (1873)
· Jovita (colaboração de Menezes Paredes)
· Os filhos da desgraça (drama) (1874)
· Epidemia política (comédia) (1874)
· Ladrões da honra (drama) (1875)
Outros
· Viagem a Laguna (
1896)
· Populário sul-rio-grandense
· Morfologia ário-guaranítica (
1880)
· Dialeto nacional

Bento Prado Júnior

Bento Prado de Almeida Ferraz Júnior, conhecido como Bento Prado, ou Prado Jr. (Jaú, 21 de agosto de 1937São Carlos, 12 de janeiro de 2007), foi professor de Filosofia na Universidade de São Paulo, posteriormente, na Universidade Federal de São Carlos, filósofo,escritor, professor, crítico literário, tradutor e poeta brasileiro.
Carreira e biografia
Na
USP defendeu em 1965 sua tese de livre-docência sobre Bergson. Presença e campo transcendental: consciência e negatividade na filosofia de Bergson, defendida em 1965, só seria lançado em livro no ano de 1988, pela Edusp – em 2002, foi traduzido e publicado na França. Editou apenas mais três títulos: Alguns ensaios, em que reúne artigos de filosofia e de crítica literária(Max Limonad, 1985) e Erro, ilusão, loucura (Editora 34, 2004). Organizou ainda Filosofia da psicanálise (Brasiliense, 1991).
Graduação na
USP e pós-doutorado na Centre National de la Recherche Scientifique, professor titular na Universidade Federal de São Carlos. Produziu obras bastante eclética, entre elas: história da filosofia, filosofia da psicanálise, filosofia da linguagem, crítica literária e poesia. É tido, por muitos, como um dos maiores ensaístas da filosofia brasileira.
Em
1985, publicou "Alguns Ensaios: Filosofia, Literatura e Psicanálise", obra com que começou a se destacar como escritor. Foi colaborador da Unicamp, a Unesp e a PUC e é professor emérito da USP
Cassação, exílio, retorno
Foi aposentado compulsoriamente pela
ditadura militar em abril de 1969, na ação conduzida pelo então ministro da Justiça, Gama e Silva, na verdade reitor licenciado da universidade, contra seus próprios colegas, inclusive o vice-reitor em exercício, Hélio Lourenço. Bento Prado Jr. foi cassado juntamente com seu colega José Arthur Giannotti e autoexilou-se na França, de onde somente retornou no final dos anos 70, para lecionar, primeiro na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e depois na UFSCar, onde se tornou titular.
Suas obras
· "Presença e Campo Transcendental: Consciência e Negatividade na Filosofia de
Bergson", Edusp, 1989
· "Filosofia da Psicanálise", Brasiliense, 1991
· "Alguns Ensaios", Paz e Terra, 2000
· "Erro, Ilusão, Loucura" Editora 34, 2004
· "A retórica de Rousseau e outros ensaios", organizado por Franklin de Mattos, Cosac Naify, 2008

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