segunda-feira, 7 de setembro de 2009

FALANDO SOBRE EDUCAÇÃO

Educação Brasileira na Ótica Filosófica

Introdução

A educação pública no Brasil, já teve seu período pomposo que vai desde o Brasil Império até a ditadura militar. Nessa época, as escolas eram públicas, porém direcionadas a classe burguesa do país. Até então havia uma grande procura pelos cursos de direito e medicina que além da profissão de educador, eram profissões bastante valorizadas. Contudo, na década de 1930 com a promulgação da lei que proporcionava alguns direitos básicos as mulheres, houve um grande aumento pela procura a profissão de educador, o que a desvalorizou consideravelmente. Esse fato agravou-se ainda mais durante a ditadura militar, quando muitos professores foram perseguidos, torturados e mortos. com a queda do regime militar, foram investidas verbas altas na construção de escolas públicas. Embora houvesse mais escolas, os educadores, desvalorizados, em pouco puderam ser instruídos, e a população sem força para cobrá-lo, foi impulsionada ao nível educacional decadente que nos encontramos hoje.
Observo hoje a realidade da educação brasileira e vejo que o país que antes era visto como o país do futuro está atado a uma realidade bem do passado. Só pra citar um exemplo, no séc. XIX e início do séc. XX a Alemanha sofria forte influência militar, e à beira da Primeira Grande Guerra o governo incentivava fortemente a leitura de material científico e revistas de informação para toda a população alemã, inclusive custeando-as, algo que teve como resultado um “Booooom” tecnológico para toda a humanidade, visto que, grandes cientistas alemães dentre eles Albert Einstein são frutos dessa geração.
Mas qual o motivo para este tipo de incentivo? A resposta é simples, tendo um povo mais bem educado e um exército mais informado o “reich” teria forte vantagem militar o que compensaria a falta de contingente militar se comparado às outras nações, algo que realmente foi observado durante a guerra ( a média inicial era de 1 baixa alemã para cada 6 baixas inimigas).
Se levarmos em consideração que atualmente no Brasil as publicações de caráter científico são quase que em suma publicadas pela internet e para se ter acesso é preciso estar cadastrado por meio de uma instituição superior de ensino ou então à órgãos de incentivo a pesquisa, afirmo que o Brasil nega informação à sua população, uma vez que internet é privilégio de poucos e a relação com instituições de ensino e órgãos de pesquisa privilégio de quase ninguém.

Problemas da Educação no Brasil
A educação Brasileira apresenta alguns problemas são eles:
● O trabalho dos governos, nos planos federal, estadual e municipal, e da iniciativa privada, mobilizados pela opinião pública, conseguiu aumentar o número de crianças e adolescentes brasileiros que freqüentam os bancos escolares. Mas a qualidade do ensino continua ruim, conseqüência do preparo insuficiente dos mestres, da falta de estrutura dos estabelecimentos de ensino e de uma série de outros fatos negativos.
● A repetência no Brasil, é a mais grave na América Latina, e o pouco tempo em que as crianças ficam na escola são dois dos aspectos negativos da educação no país. Dezoito por cento das meninas e 25% dos meninos repetem o ano
● A Falta de uma melhor remuneração aos mestre e incentivos de especializações, motivações são um dos fatores culminante da queda de produção destes profissionais.
Remunerar melhor os professores – tentando a dedicação em tempo integral ao mister de educar ministrar treinamento aos mestres, equipar e proporcionar segurança às escolas parecem, na atual quadra da vida nacional, os caminhos aconselháveis para alcançar os objetivos
É imprescindível acrescentar que qualquer progresso material, por mais expressivo que seja, pouco vale se a população não tiver uma sólida base educacional e cultural. O mundo está repleto de situações que atestam essa verdade

Educação brasileira de Qualidade
Temos consciência que vivemos em uma sociedade de informação, onde confunde-se muito esses dois termos. Porém conhecimento não se reduz a informação. O ato de conhecer implica em um processo, de deve-se trabalhar com as informações classificando-as, analisando-as e contextualizando-as.
Além disso é necessário para se ter conhecimento e poder transmiti-los ter inteligência, esta tem a ver com a arte de vincular conhecimento de maneira útil e pertinente, isto é, de produzir novas formas de progresso e desenvolvimento. Consciência e sabedoria envolvem reflexão, isto é capacidade de construir novas formas de existência, de humanização.
É nesse contexto que se pode entender as relações de conhecimento e poder, a informação confere vantagens para quem à possui. Deste modo é que surge a repressão à informações, como também á manipulação de informações.
O acesso a informação não se da igualmente á todos os cidadãos, então é preciso trabalhar a informação para se construir a inteligência. Mas pode a inteligência pode ser cega e isso afeta o poder do conhecimento, uma vez que o poder não é intrínseco a aqueles que produzem o conhecimento, mas aqueles que os produtores de conhecimento.
Portanto não basta produzir o conhecimento, mas é preciso produzir as condições de produção do conhecimento. Ou seja, conhecer significa estar consciente do poder do conhecimento para a produção da vida material, social e existencial da humanidade.
Qual a possibilidade da escola trabalhar o conhecimento?
Sempre existiu uma polêmica com relação as instituições escolares se ela realmente ensinam ou informam, mas abe-se que a escola e os professores tem um grande trabalho a fazer com as crianças e jovens, que é proceder a mediação entre a sociedade da informação e os alunos, no sentido de possibilitar-lhes pelo desenvolvimento da reflexão adquirirem a sabedoria necessária á permanente construção do humano.
A educação então, é entendida como um processo de humanização: que ocorre na sociedade humana com o objetivo de tornar os indivíduos participantes do processo civilizatório, e responsável por leva-lo adiante, enquanto prática social, é realizada por todas as instituições da cidade. Enquanto processo sistemático e intencional é realizado por alguns entre a escola.
Quando se afirma que a escola precisa encontrar novas formas de ensino e aprendizagem, se deseja sobreviver os momentos difíceis que atravessa, não se tem em mente apenas aperfeiçoar as atuais formas de ensino e aprendizagem, torná-las mais eficientes e, ao mesmo tempo, como se fosse possível, mais agradáveis. O que critica é o próprio modelo, ou paradigma de aprendizagem, e, conseqüentemente de ensino, que hoje impera. Conseqüentemente, é preciso “virar as coisas de ponta cabeça”, recomeçar do zero.
É interessante notar que o modelo ou paradigma que hoje é hegemônico não possui fundamentação teórica ou justificativa séria. Quando as coisas são colocadas nestes termos, poucos são os que explicitamente endossam a tese de que educar é ensinar às crianças os fatos, os conceitos e, se for o caso, os procedimentos envolvidos nas várias disciplinas: estudos sociais ou, especificamente, história, geografia; ciências ou, especificamente, biologia, física, química; matemática; filosofia; língua materna; uma língua estrangeira. Esse modelo ou paradigma foi se infiltrando na escola, e acabou alcançando condição de hegemonia, apenas porque é mais fácil de ser colocado em prática do que as alternativas. Na realidade, ele contradiz virtualmente tudo o que sabemos sobre o que é que motiva as crianças a aprender e como elas de fato aprendem.
Não se pode ignorar que antes de entrar na escola a criança aprende uma quantidade enorme de coisas: aprende a diferenciar a suas impressões sensoriais e a identificar objetos e pessoas; aprende a pegar e a manipular objetos; aprende a ficar de pé e eventualmente a andar; aprende a gostar de determinadas coisas e a não gostar de outras, desenvolvendo nítidas preferências; aprende a responder adequadamente ao contato de terceiros (conhecidos ou estranhos); aprende a identificar sons, em especialmente os sons da fala humana; aprende primeiro a expressar o que deseja através de gestos e sinais, aprende a imitar gestos e sons e, eventualmente, aprende a falar; aprende a se alimentar sozinha; aprende a controlar sua bexiga e seus intestinos; aprende que não deve fazer determinadas coisas; aprende a demonstrar carinho e a agredir os outros, quando contrariada; aprende eventualmente a identificar símbolos, desenhos, sons e mesmo palavras escritas com seus referentes – e assim por diante. Algumas crianças aprendem até mesmo a ler e a escrever virtualmente sozinhas. Outras crianças aprendem a se locomover, sem se perder, em espaços relativamente complexos – como um sítio ou mesmo as ruas de uma grande cidade.
Registre-se, porque de fundamental importância, que nenhum desses aprendizados envolve a absorção pura e simples de informação – em todos eles o essencial é o desenvolvimento de competências e habilidades – sensório-cognitivas, psico-motoras, emocionais e sociais (interpessoais). Registre-se ainda que em nenhum desses casos há um processo de ensino formal e institucionalizado: a criança aprende observando, imitando, e respondendo a intermitentes intervenções (estimulações ou provocações, no bom sentido) daqueles que compartilham o seu mundo.
Além do mais, aprender todas essas coisas dá grande prazer às crianças – sua curiosidade inata as torna automotivadas e em nenhum momento o aprendizado lhes parece doloroso ou entediante. Aprender é parte de sua vida – na verdade, a parte principal da sua vida. Brincar, para elas, é aprender, e aprender é brincar.
Se, ao entrar na escola, o aprendizado subitamente se torna aborrecido e mesmo sofrido para as crianças, isto parece ser muito mais por falha da escola do que das próprias crianças – pois nada fundamental se altera nelas, além do fato de que seu aprendizado agora deve se processar principalmente no ambiente organizado e estruturado da escola, que altera drasticamente a natureza do processo de aprendizagem.
Conclusão
O passo fundamental, é a consciência da importância da educação por parte dos cidadãos, pois é a educação que faz que sejamos críticos, não aqueles que criticam apenas por criticar, mas aqueles capazes de criticarem e reelaborarem novos conceitos, conceitos estes capazes de mudar, transformar e até mesmo revolucionar, tudo para chegar a um ponto de equilíbrio.
A educação é a chave para uma sociedade mais justa. Tentar através do conhecimento uma maior politização e esclarecimento ideológico, visto que, este nos proporciona a base para entender o mundo, não aceitar as coisas de imediato, não acreditar no que parece ser óbvio, e compreender conceitos, mitos a ponto de nós criarmos os nossos próprios conceitos.

O PAPEL SOCIAL DA FILOSOFIA

Relação entre Ética e Ciência. o papel social da ciência e o ensino da ciência.
Fabiane weber da Silva[1]

Introdução

Poucos nomes são de fato relevantes, no decorrer da história, quando falamos da disciplina Ética. Talvez possamos começar por citar Aristóteles, que sistematizou esta disciplina em três tratados (Ética a Nicômaco, Eudemo e a Grande Ética), também não deveríamos deixar de citar a outros autores, como a exemplo N. Maquiavelli, o qual nos apresenta o humano na sua vivência diária, mostrando-no o que ele, por vezes, de fato é, o que se bem que não seja um tratado sobre a forma ideal do homem conviver em sociedade, é um tratado sobre a forma factual como o humano vive em sociedade.
Seguindo nesta linha de pensamento, chegamos a I. Kant, talvez conjuntamente com Aristóteles, sejam os dois maiores expoentes do pensamento ético. Kant fundamentará sua Ética no indivíduo racional, criador de máximas que podem vir a se tornarem leis sócio-culturais cuja obediência se dá pelo respeito e dever auto imposto e não por sofrimento e dor infringidos externamente no caso de desobediência dos mesmos, ou seja, é o dever e não o temor a mola mestra do proceder ético segundo Kant. Uma mesma ação passa a ser vista ora como Ética e ora como não Ética, de acordo com os sentimentos subjetivos nela envolvidos.
Todos os anteriores a Kant viram somente os aspectos objetivos da Ética, ou seja, a ação executada, o efeito externo e não interno da mesma. Caberá a Kant realçar, também, os aspectos subjetivos do proceder Ético. Ora, se um indivíduo executa uma dada ação por temor às conseqüências que poderiam advir da não execução da mesma, seu proceder não pode e não deve ser considerado como ético, se bem que a ação em si, livre do indivíduo que a executa, o possa ser.
Uma ação só será vista como um comportamento ético por parte do indivíduo quando os fatores internos envolvidos o motivam a executar a mesma por um profundo sentimento de respeito à lei e jamais por temor ou na expectativa de recompensas futuras.
A Ética em Kant, portanto, traz esta e outras novidades para o domínio desta disciplina, fazendo com que o nome de Kant deva ser associado entre os maiores pensadores a apresentarem reais contribuições a esta importante disciplina.

Ética

Ética é a ciência da moral. O Ético é o concernente à moral. Moral: parte da Filosofia que trata dos costumes ou dos deveres do homem. estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade ou de modo absoluto.
Immanuel KANT, na Crítica da Razão Pura (1781), distingue ética e moral, ao afirmar que o homem é livre e que encontra em si mesmo o guia de sua ação, a lei moral, um imperativo categórico que o faz agir de acordo com sua natureza, a qual distingue, de maneira inata, o certo e o errado. Só quando alguém faz alguma coisa por considerar seu dever seguir a lei moral é que se pode então falar em ação moral. Só quando agimos segundo a lei moral é que agimos em liberdade. (História do comerciante que devolve o troco correto à menina ingênua: ao agir por dever, tem uma atitude moral; ao agir conforme o dever respeita a ética dos negócios).

Ciência e Ética

Não é só em relação á possibilidade de verdade das teorias científicas que a filosofia da ciência deve se debruçar. Outras questões ainda surgem no mundo contemporâneo em relação à ciência. Elas dizem respeito ao sentido, ao valor e aos limites éticos do conhecimento científico.
O termo “bioética” foi introduzido na década de 70 pelo biólogo e oncologista Van Rensselaer Potter. O biólogo procura mostrar que os valores éticos não podem estar separados dos fatos biológicos. Com o avanço da medicina, especialmente da tecnologia biomédica, novos problemas foram colocados frente ao homem, e Potter, nesse sentido, defendeu que a necessidade de uma ética da vida se fazia presente para além das universidades, tendo que estar mais próxima das conquistas da ciência que afetavam a vida humana.
Antes da introdução do termo “bioética” por Potter, porém, o mundo vivenciou experiências marcantes contra a vida. Ao final da Segunda Guerra Mundial, o Julgamento de Nuremberg no ano de 1945 tornou públicos os horrores cometidos contra os prisioneiros nos campos de concentração, os quais se realizaram em nome da pesquisa científica, do desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Um exemplo de experiências realizadas nos campos de concentração nazistas consistia em acompanhar o desenvolvimento de doenças como o tétano em mulheres, as quais recebiam injeções que continham as bactérias responsáveis pela doença. As infecções eram induzidas pelos médicos, e a aplicação de anestésicos não era feita para não comprometer o caráter científico da pesquisa. As experiências, portanto, voltavam-se apenas para a observação do desenvolvimento da doença, mas não incluíam qualquer tipo de tratamento.
A filósofa e socióloga de origem alemã naturalizada norte-americana Hannah Arendt (1906-1975), em seu livro Eichmann em Jerusalém, investigou a brutalidade do regime nazista, apontando como uma das sua principais características a forma racionalizada com que foi feito o extermínio de seis milhões de judeus nos campos de concentração. O emprego da tecnologia, ou seja, das câmaras de gás e dos fornos crematórios, era um procedimento frio, burocratizado, uma operação feita por funcionários públicos. Eichmann é o nome de um desses funcionários de Hitler, a quem Arendt identificou como um produto típico do regime nazista.
Analisando as condições em que se tornou possível o extermínio de um número tão grande de pessoas, Hannah Arendt concluiu que isso se deveu á banalização do mal, obtida através de uma prática cientificamente programada e racionalizada.
O surgimento da bioética nos Estados Unidos está ligado a alguns fatos que provocaram indignação pública em função do total desrespeito à vida humana. Em 1963, foram realizadas pesquisas com idosos, os quais receberam células tumorais sem que tivessem dado seu consentimento. Outra pesquisa realizada envolveu 400 negros portadores de sífilis, que, a partir dos anos 40 até a década de 70, foram investigados a fim de que o desenvolvimento natural da doença no organismo humano pudesse ser conhecido. Essas pessoas, portanto, foram deixadas sem tratamento, embora a penicilina já tivesse sido descoberta em 1945.
Para que abusos como esses não voltassem a ser cometidos, era preciso pensar os problemas suscitados pelo desenvolvimento da pesquisa biomédica e pela utilização de novas tecnologias a partir de bases que pudessem justificar determinadas práticas e condenar outras que atentassem contra a humanidade, o que seria possível através de uma reflexão ética sobre essas novas questões.
Diante desses fatos, foi criada em 1974, nos Estados Unidos, a Comissão Nacional para a Proteção dos Seres Humanos da Pesquisa Biomédica e Comportamental, para que as pesquisas que fossem realizadas a partir de então pudessem se guiar por princípios éticos que respeitassem a vida humana.
Em 1978, o Relatório Belmont, marcando o surgimento da abordagem principialista na bioética. O documento elaborado pela comissão apresentou três princípios éticos que deveriam nortear a realização de pesquisas envolvendo seres humanos, quais sejam, o princípio do respeito pela pessoa, o princípio da beneficência e o princípio da justiça.

➢ O princípio do respeito à autonomia
Respeitar a autonomia de uma pessoa implica reconhecer o direito dela ter suas próprias concepções, de fazer suas escolhas, bem como de agir em conformidade com seus valores e crenças. Esse respeito deve ser um reconhecimento permanente de que as pessoas têm direito de atuar em concordância com suas próprias convicções. É por isso que respeitar a autonomia não significa somente não intervir nas escolhas dos indivíduos, mas também propiciar as condições para que as ações autônomas possam ser realizadas. Isso se faz evitando as circunstâncias que podem impedir as pessoas de atuarem autonomamente, como, por exemplo, por medo ou diante da falta de conhecimento acerca de uma situação. O respeito à autonomia, portanto, é uma ação que se dá quando o direito da autonomia das pessoas é assegurado, reconhecido e promovido.

➢ O princípio da não-maleficência
O princípio da não-maleficência está intimamente ligado à máxima “Primum non nocere”: “Em primeiro lugar, não causar dano”. Esse princípio possui uma longa tradição na ética médica, pois tem suas origens no Juramento Hipocrático seguido por todos os médicos. Dessa forma, apresenta-se como um princípio de relevância na prática moral, especialmente na prática biomédica, já que serve como orientação efetiva aos profissionais da saúde.

➢ O princípio da beneficência
Um ato beneficente pode ser classificado como aquele que proporciona um bem a alguém. Ações beneficentes, portanto, são todas aquelas que beneficiam as pessoas. Já o princípio da beneficência tem caráter imperativo, expressa uma obrigação moral de agir em benefício das pessoas. A beneficência, assim, distingue-se da benevolência, que pode ser caracterizada como uma virtude que leva o agente a praticar atos beneficentes. O princípio da beneficência exige das pessoas que elas ajam de forma a promover o bem.

➢ O princípio da justiça
O termo “justiça” é interpretado a partir da justiça distributiva e se relaciona à “distribuição igual, eqüitativa e apropriada, determinada por normas justificadas que estruturam os termos da cooperação social”, Nesse sentido, a justiça distributiva difere de outros tipos de justiça, como é o caso da justiça penal, a qual está relacionada à aplicação de sanções. “A justiça distributiva refere-se, geralmente, à distribuição de todos os direitos e responsabilidades na sociedade, incluindo, por exemplo, direitos civis e políticos”

O Papel Social da Ciência

A humanidade necessita, urgentemente, de uma nova sabedoria que fornecerá o “conhecimento de como usar o conhecimento” para a sobrevivência do homem e para a melhora na qualidade de vida. Esse conceito de sabedoria como guia para a ação – o conhecimento de como usar o conhecimento para o bem social – pode ser chamado Ciência da Sobrevivência, certamente o pré-requisito para melhorar a qualidade de vida. Eu tomo a posição de que a ciência da sobrevivência deve ser construída sobre a ciência da biologia e estendida para além dos limites tradicionais para incluir os elementos mais essenciais das ciências sociais e humanidades, com ênfase na filosofia em sentido estrito, “amor da sabedoria”. Uma ciência da sobrevivência deve ser mais que apenas ciência, e eu, por essa razão, proponho o termo Bioética a fim de enfatizar os dois mais importantes ingredientes para alcançar a nova sabedoria que é tão desesperadamente necessária: conhecimento biológico e valores humanos.
Essa nova ciência possibilitaria a reflexão sobre os avanços da ciência tanto quanto sobre os seus limites, a fim de que o futuro da humanidade pudesse ser garantido e a melhoria da qualidade de vida das futuras gerações alcançada. Para isso, “um instinto de sobrevivência não é suficiente. Nós devemos desenvolver a ciência da sobrevivência, e ela deve começar com um novo tipo de ética – a bioética”(Potter, 1971,p 4)

O Ensino de Ciências
O Conhecimento Científico pode ser: real ou factual - lida com ocorrências, fatos, isto é, toda forma de existência que se manifesta de algum modo. Contingente - suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. Sistemático - saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Verificável - as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Falível - em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final. Aproximadamente exato - novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.
A Ciência como vimos é ensinada por intermédio de várias técnicas, um conjunto de conceitos, noções e experiências que determinam o caráter científico. Além disso, mais do que apresentar soluções, a contribuição das ciências para o avanço do conhecimento se concentra em identificar os problemas emergentes da sociedade.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
POTTER, V. R. 1971. Bridge to the Future. New Jersey, Prentice-Hall/Englewood Cliffs.
KANT. IMMANUEL Crítica da razão pura. Tradução de Manuela P. dos Santos e Alexandre F. Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1989.
______. Crítica da razão prática. Tradução de Valério Rohden. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
[1] Professora de filosofia licenciada pela Universidade Federal de Pelotas

A HISTÓRIA DO PENSAMENTO FILOSÓFICO NO BRASIL

Filosofia no Brasil

A Revolução Industrial, o modelo de produção capitalista e as idéias de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa representavam o repensar das tradições, dos valores e das formas de viver e organizar a sociedade brasileira. A educação se inseria nesse contexto como salvação nacional, baseada no cientificismo e nas virtudes cívicas e patrióticas.
No Brasil a educação pós independência não obedecia a planos ou métodos definidos, visto que a preocupação das autoridades educacionais da época era estabelecer o ensino obrigatório como uma maneira de garantir a freqüência dos alunos às suas respectivas escolas, mesmo com toda a deficiência das mesmas (leis e regimentos descontextualizados, distantes de um processo ensino-aprendizagem).
O ensino era tido como público e gratuito voltado para a responsabilidade pela divulgação da ciência como a grande criação da humanidade, de maneira a torná-la acessível a todos. Em 1885 surgiram então os conflitos instalados pela oposição de idéias do Corpo Docente da Escola Normal (Religião da Humanidade) e pelo Estado Imperial (Religião Católica), detentor do poder político da época. O enfoque maior desse conflito era que pregar o positivismo enquanto Religião da Humanidade violava a Constituição de 1824, que considerava a Religião Católica Apostólica Romana como a religião do Império.
O resultado desse conflito foi a censura e a punição dos professores ditos positivistas e a reformulação da grade curricular da Escola Normal de São Paulo inserindo nesta a religião e evitando assim a perseguição dos segmentos católicos. Benjamin Constant, ministro e secretário de
Estado dos negócios da instrução pública, correios e telégrafos, e professor da Escola militar, foi um
adepto das idéias de Augusto Comte e introduziu o positivismo na educação brasileira, através da Instrução Pública Primária e Secundária de 1890/1891, oficializando um modelo de ordem escolar fundado no "sentido prático" como condição primeira para o progresso do conhecimento científico e da evolução humana. Para Constant a instrução era o meio mais poderoso para o engrandecimento moral e material do Brasil.
Como vimos até aqui A história da nosso país nos mostra a importância que ensino de Filosofia pode engendrar nos rumos político-social de uma sociedade, visto que, durante a ditadura militar, o ensino de filosofia foi banido das escolas. Pois ela levaria os jovens ao questionamento, o que não era de interesse dos militares que estavam e visavam permanecer no controle político do país.
O ensino de Filosofia sempre foi encarado como um passo importante para a educação, politização e esclarecimento ideológico, visto que, este nos proporciona a base para entender o mundo, não aceitar as coisas de imediato, não acreditar no que parece ser óbvio, e compreender conceitos, mitos a ponto de nós criarmos os nossos próprios conceitos.
O conhecimento da Filosofia faz com que sejamos críticos, não aqueles que criticam apenas por criticar, mas aqueles capazes de criticarem e reelaborarem novos conceitos, conceitos estes capazes de mudar, transformar e até mesmo revolucionar, tudo para chegar a um ponto de equilíbrio.

Filósofos Brasileiros

Marilena de Sousa Chauí

Marilena de Sousa Chauí (
São Paulo, 4 de setembro de 1941) é uma historiadora de filosofia brasileira. Professora de Filosofia Política e História da Filosofia Moderna da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). É mestre (1967. Merleau-Ponty e a crítica do humanismo), doutora (1971,Introdução à leitura de Espinosa) e livre docente de Filosofia (1977, A nervura do real: Espinosa e a questão da liberdade) pela USP. É casada com o historiador Michael Hall. Chauí é autora de vários livros, dentre os quais se destacam:
➢ "Repressão Sexual",
➢ "Da Realidade sem Mistérios ao Mistério do Mundo",
➢ "Brasil: Mito Fundador e Sociedade Autoritária",
➢ "Professoras na Cozinha",
➢ "Introdução à História da Filosofia",
➢ "Experiência do Pensamento",
➢ "Escritos Sobre a Universidade",
➢ "Filosofia: Volume Único",
➢ "Convite à Filosofia",
➢ "
O que é Ideologia",
➢ "Política em Espinosa" ,
➢ "A Nervura do Real",
➢ "Espinosa: Uma Filosofia de Liberdade",
➢ "Brasil: Mito fundador e sociedade autoritária",
➢ "Cidadania Cultural",
➢ "Simulacro e poder".
Obteve o seu doutorado com uma tese sobre o filósofo
Baruch de Espinosa. É reconhecida, não só pela sua produção acadêmica, mas pela participação efetiva no contexto do pensamento e da política brasileira. Já foi secretária municipal da Cultura na cidade de São Paulo durante o mandato da ex-prefeita Luiza Erondina (1988-1992).
Sua obra escrita obteve um sucesso apreciável no meio acadêmico, mas algumas de suas obras, de linguagem simples e intenção didática, também despertam interesse de leitores não ligados à academia. "O que é Ideologia" (Ed. Brasiliense, Coleção Primeiros Passos) tornou-se um
best-seller e já vendeu mais de cem mil exemplares, bastante acima da média de vendas dos livros no Brasil. Continua ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT) e considera que a experiência à frente da Secretaria da Cultura do Município de São Paulo foi de extrema importância para tornar o trabalho ainda mais sintonizado com a realidade e os problemas nacionais.

Alguns prêmios e títulos
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2004 Título de Doctor Honoris Causa, Universidade Nacional de Córdoba -Argentina.
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2003 Título de Doctor Honoris Causa, Universidade de Paris VIII - França.
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2000 Prêmio Jabuti para o melhor livro brasileiro de humanidades A nervura do real, Câmara Brasileira do Livro.
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2000 Prêmio Multicultural Estadão - pela obra cultural e filosófica e pelo livro 'Nervura do real', O Estado de São Paulo.
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1999 Prêmio Sérgio Buarque de Holanda - melhor livro brasileiro de ensaios 'A nervura do real', Biblioteca Nacional.
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1995 Ordem do Mérito, Ministério da Educação e Cultura da República Árabe da Síria.
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1994 Prêmio Jabuti - para 'Convite a Filosofia', como melhor livro didático, Câmara Brasileira do Livro.
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1992 Ordre des Palmes Académiques, Presidência da República da França.

Apolinário José Gomes Porto-Alegre

Apolinário José Gomes Porto-Alegre (
Rio Grande, 29 de agosto de 1844Porto Alegre, 23 de março de 1904) foi um escritor, historiógrafo, filósofo, poeta e jornalista brasileiro. É considerado um dos mais importantes autores nascidos no estado do Rio Grande do Sul.
Vida
Apolinário Porto-Alegre nasceu na
cidade de Rio Grande, pertencente à província do Rio Grande do Sul. Teve como pais Antônio José Gomes Porto-Alegre (inspetor da alfândega de Rio Grande) e Dona Joaquina Delfina da Costa Campelo Porto Alegre. Em sua família, o interesse pela literatura também se manifestou em seus dois irmãos: Apeles e Aquiles José Gomes Porto-Alegre. Fez seus estudos primários em escola particular de Rio Grande, aos cuidados de seu primo Fernando Ferreira Gomes (1830-1896, filho do jornalista pioneiro Vicente Ferreira Gomes), que dirigia seu próprio estabelecimento de ensino naquela cidade desde 1853.
Por volta do ano de
1859, sua família muda-se para a cidade de Porto Alegre, onde tem contato com estudos na área de humanidades. Apolinário, dois anos depois, em 1861, inicia um curso na Faculdade de Direito de São Paulo, não concluindo o mesmo, devido ao falecimento de seu pai, em setembro de 1863. Retornando ao seu estado-natal, para sustentar sua família, começa a trabalhar como professor, primeiramente particular.
Foi depois contratado na escola particular do médico
Cyro José Pedrosa, um nome tradicional no ensino público da província. Logo passaria a dirigir suas próprias escolas: em 1867 undava seu primeiro estabelecimento de ensino: o Colégio Porto Alegre, com a assistência do irmão Aquiles. Em 1870, agora com o irmão Apeles como auxiliar, criava o Colégio Rio-Grandense. Deixou o irmão na direção em 1876 para inaugurar, com o colega Hilário Ribeiro, o Instituto Brasileiro, seu mais ambicioso e duradouro projeto. Esta escola, localizada na estrada do Caminho do Meio, nos arredores de Porto Alegre, funcionando como internato, deveria oferecer, para além de uma educação formal, uma formação integral que habilitasse a nova geração a construir um novo país republicano. Apolinário, com seu caráter republicano, numa época que não havia um partido republicano no estado, comemorava na escola datas como a Revolução Francesa e a Revolução Farroupilha. A escola funcionou por 16 anos até encerrar suas atividades em 1892.

Sociedade Pártenon Literário
Juntamente com um grupo de
republicanos e liberais funda, no dia 18 de junho do ano de 1868, na cidade de Porto Alegre, a Sociedade Pártenon Literário, de caráter romântico e regionalista. A Sociedade começou a publicar, em 1869, um periódico intitulado "Revista Mensal". O periódico teve várias interrupções e vários nomes. São eles:
· Revista Mensal;
· Revista do Pártenon Literário;
· Revista Contemporânea.
Foi neste periódico que Apolinário Porto-Alegre começou a publicar seus primeiros trabalhos, como
romances, contos, críticas, poesias, peças de teatro, etc. A Sociedade durou até o ano de 1880.
Murmúrios do Guaíba
Um grupo de autores resolvem abandonar a Sociedade Pártenon Literário, por volta do ano de
1870. Eles decidem, então, criar um novo periódico intitulado Murmúrios do Guaíba. O foco da publicação era o Rio Grande do Sul, mais especificamente, suas história, tradições, literatura, música, entre outros. Apolinário inicia, então, a colaborar com os textos presentes no Murmúrios do Guaíba, rompendo com o Pártenon Literário. Durante este período escrevendo, Apolinário, muitas vezes, assumiu os pseudônimos de Iriema ou Bocaccio. Colaborou com o jornal A Imprensa, o primeiro jornal republicano diário do estado, fundado por seu irmão Apeles. Durante a Exposição Brasileira Allemã criticou duramente a Carlos von Koseritz pelo modo que a exposição foi conduzida.
O escritor ainda escreveria para várias revistas e jornais. Destacam-se:
·
A Reforma;
·
A Democracia;
·
A Federação;
·
Gazeta de Porto Alegre;
·
Jornal do Comercio;
·
O Guarani;
·
O Industrial.
Visão e atuação política
Apolinário Porto-Alegre era entusiasta da
república. Fundou o Club Republicano, convidando amigos, conhecidos e pessoas em geral, que dividissem os mesmos ideais. No entanto, desentendimentos internos fizeram com que ele abandonasse o clube, fundando logo depois a União Nacional, com o apoio do Partido Liberal. Tempos depois, a União Nacional mudou o seu nome para Partido Federalista. No ano de 1889, após a proclamação da república no Brasil, Apolinário Porto-Alegre se alia à Silveira Martins que lutava contra o governo do marechal Deodoro da Fonseca.
Obra
A obra de Apolinário Porto-Alegre possui como características o regionalismo e o romantismo. O Rio Grande do Sul é a temática de várias publicações, sendo sua principal
O Vaqueano, de 1872. Alguns críticos afirmam que a obra foi inspirado no livro O Gaúcho, de José de Alencar.
Conto
· Paisagens (
1874)
Historiografia
· História da Revolução de 1935
Poesia
· Poesias bromélias (com o pseudônimo de Iriema) (1874)
· Cabila (1874)
· Flores da morte (póstumo) (1904)
Romance
· Os palmares (
1869)
· O vaqueano (1872)
· Feitiço de uns beijos (
1873)
· Lulucha (publicano na revista O Guarani) (1874)
· Crioulo do pastoreio (
1875)
· Gracina
· Vaqueiro
· Flor da laranja
· Os dois amores
· O homem e o século
Teatro
· Cham e Jafé (
drama) (1868)
· Benedito (
comédia) (1872)
· Sensitiva (drama) (1873)
· Mulheres! (comédia) (1873)
· Jovita (colaboração de Menezes Paredes)
· Os filhos da desgraça (drama) (1874)
· Epidemia política (comédia) (1874)
· Ladrões da honra (drama) (1875)
Outros
· Viagem a Laguna (
1896)
· Populário sul-rio-grandense
· Morfologia ário-guaranítica (
1880)
· Dialeto nacional

Bento Prado Júnior

Bento Prado de Almeida Ferraz Júnior, conhecido como Bento Prado, ou Prado Jr. (Jaú, 21 de agosto de 1937São Carlos, 12 de janeiro de 2007), foi professor de Filosofia na Universidade de São Paulo, posteriormente, na Universidade Federal de São Carlos, filósofo,escritor, professor, crítico literário, tradutor e poeta brasileiro.
Carreira e biografia
Na
USP defendeu em 1965 sua tese de livre-docência sobre Bergson. Presença e campo transcendental: consciência e negatividade na filosofia de Bergson, defendida em 1965, só seria lançado em livro no ano de 1988, pela Edusp – em 2002, foi traduzido e publicado na França. Editou apenas mais três títulos: Alguns ensaios, em que reúne artigos de filosofia e de crítica literária(Max Limonad, 1985) e Erro, ilusão, loucura (Editora 34, 2004). Organizou ainda Filosofia da psicanálise (Brasiliense, 1991).
Graduação na
USP e pós-doutorado na Centre National de la Recherche Scientifique, professor titular na Universidade Federal de São Carlos. Produziu obras bastante eclética, entre elas: história da filosofia, filosofia da psicanálise, filosofia da linguagem, crítica literária e poesia. É tido, por muitos, como um dos maiores ensaístas da filosofia brasileira.
Em
1985, publicou "Alguns Ensaios: Filosofia, Literatura e Psicanálise", obra com que começou a se destacar como escritor. Foi colaborador da Unicamp, a Unesp e a PUC e é professor emérito da USP
Cassação, exílio, retorno
Foi aposentado compulsoriamente pela
ditadura militar em abril de 1969, na ação conduzida pelo então ministro da Justiça, Gama e Silva, na verdade reitor licenciado da universidade, contra seus próprios colegas, inclusive o vice-reitor em exercício, Hélio Lourenço. Bento Prado Jr. foi cassado juntamente com seu colega José Arthur Giannotti e autoexilou-se na França, de onde somente retornou no final dos anos 70, para lecionar, primeiro na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e depois na UFSCar, onde se tornou titular.
Suas obras
· "Presença e Campo Transcendental: Consciência e Negatividade na Filosofia de
Bergson", Edusp, 1989
· "Filosofia da Psicanálise", Brasiliense, 1991
· "Alguns Ensaios", Paz e Terra, 2000
· "Erro, Ilusão, Loucura" Editora 34, 2004
· "A retórica de Rousseau e outros ensaios", organizado por Franklin de Mattos, Cosac Naify, 2008

ÉTICA E FILOSOFIA

O Ensino de Filosofia como uma tentativa de Reeducação ética em uma sociedade capitalista:
construção de uma problematização Histórico filosófica-educacional


Introdução
A história da nosso país nos mostra a importância que ensino de Filosofia pode engendrar nos rumos político-social de uma sociedade, visto que, durante a ditadura militar, o ensino de filosofia foi banido das escolas. Pois ela levaria os jovens ao questionamento, o que não era de interesse dos militares que estavam e visavam permanecer no controle político do país.
O ensino de Filosofia sempre foi encarado como um passo importante para a educação, politização e esclarecimento ideológico, visto que, este nos proporciona a base para entender o mundo, não aceitar as coisas de imediato, não acreditar no que parece ser óbvio, e compreender conceitos, mitos a ponto de nós criarmos os nossos próprios conceitos.
O conhecimento da Filosofia faz com que sejamos críticos, não aqueles que criticam apenas por criticar, mas aqueles capazes de criticarem e reelaborarem novos conceitos, conceitos estes capazes de mudar, transformar e até mesmo revolucionar, tudo para chegar a um ponto de equilíbrio.
O objetivo deste artigo é encarar o ensino de Filosofia,não com um caráter apenas transmissivo-assimilativo, ainda que crítico; mas como um ensino de Filosofia a partir de uma aprendizagem crítica dentro da própria prática.
O Papel do Educação no Desenvolvimento do cidadão
Podemos fazer a seguinte pergunta o que é ser um cidadão? É o individuo que possui direitos políticos? Ou são chamados assim pois possuem deveres sociais? Na verdade, o cidadão esta para além disto, a origem da palavra é grega, vem do latim “civitas” que designava os habitantes das cidades-estados romanas. Na polis grega havia um categoria de cidadão muito parecida com a atual, mas somente tinha direito as cidadania homens adultos, e proprietários de terras nascido na cidade. Eram excluídos da cidadania as mulheres, crianças e estrangeiros. O termo cidadania então é um pouco contraditório com a concepção atual, visto que, a ideia de cidadania é exatamente a revindicação de direitos.
Devemos tecer o termo cidadão então, através desta idéia, um indivíduo capaz de por si próprio de exercer sua cidadania, consciente de que possui sim direitos, mas também deveres, capaz de não se deixar manipular pelo sistema capitalista, alguém integro, ético, politizado.
O contexto do mundo atual impõe um grande desafio aos educadores: a formação de pessoas com habilidades necessárias para transformar informação em conhecimento e conhecimento em ações conseqüentes; a velocidade com que são produzidas e repassadas as informações exige uma forma mais elaborada de apreensão, possibilitando, assim, relacioná-las e delas extrair tudo aquilo que está implícito. Além disso, o indivíduo desta sociedade em rápida transformação, terá maior êxito se interagir com o meio.
Daí a importância desta educação filosófica, como podemos chamar, não é papel somente da filosofia, mas de todas as ciências, desenvolver o espirito crítico dos cidadãos. Mas a filosofia deve servir sempre como fonte de reflexão da realidade, subjetiva do sujeito ou da mundo.
Se ela tem por objetivo a formação da cidadania, primeiramente deve ficar bem claro que essa formação se dá essencialmente pelo fato da Filosofia buscar uma compreensão mais profunda da realidade, contudo isso, o cidadão deve desenvolver sua consciência que para compreender a si mesmo e a sua realidade, precisa ter clareza da relevância da Filosofia em suas ações, enquanto ser político e social situado na sociedade contemporânea.
Então, Ser cidadão é proceder de acordo com os valores estabelecidos pela sociedade em que estamos inseridos, pensar no outro como um outro eu, nisto se estabelece o direito e o dever, respeitar a todos que rodeiam como gostaríamos de ser respeitados e fazer pelo outro o que gostaria que fizessem por nós, esse é o princípio geral da Ética. Imannuel Kant defende essa ética universalista, tanto que desenvolve o principio do imperativo categórico,
[2] o filósofo alemão defendia que somos responsáveis por nossas escolhas, que é a função do imperativo categórico gerir o agir humano
A Filosofia como salvadora da Pátria
Para muitos esse termo salvador da pátria, pode até parecer pejorativo demais. Mas na verdade é uma máscara que caiu sobre o ensino desta disciplina, devido aos grandes índices de violência em que nosso pais esta mergulhado. seja na família,no esporte, na escola, há um lapso nas relações interpessoais. Alguns especialistas apontam o ensino da filosofia como uma saída deste caos. Tanto que, novamente em 2008 foi integrada nas escolas de ensino médio como disciplina obrigatória. Podemos nos indagar o por que desta reintegração filosófica?
Em Filosofia temos uma expressão chamada de atitude filosófica, Marilena Chauí
[3] afirma que assumimos essa postura quando começamos admitir como evidente, as coisas, os fatos, as situações, os valores, as idéias, os comportamentos, ou seja, é quando passamos a indagar as crenças que regem nossa vida. Assim a autora coloca:
Se, em lugar de discorrer tranqüilamente sobre “maior” e “menor” ou “claro” e “escuro”, resolvesse investigar: O que é a quantidade? O que é a qualidade? E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas idéias, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferisse analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade? Alguém que tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência. Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica.
[4]

A partir desta idéia de atitude filosófica, indaga-se o verdadeiro sentido da Filosofia. E de que forma ela vai influenciar na vida e no cotidiano de cada indivíduo. É partindo desse conceito que a filosofia como disciplina curricular chama pra si, as atenções e a responsabilidade de estudar, debater e esclarecer conceitos éticos.
Podemos então pensar que o papel da filosofia nesse contexto. É trazer a tona discussões como: o que é ética? O que moral? Em que elas se distingue? Como por exemplo;
● A moral- é o conjunto de nornas, costumes e leis que norteiam a vida em uma sociedade.
● A ética- é a disciplina filosófica onde é refletida criticamente a moral, para se por em prática se for o correto.
Então podemos atestar que o Papel da filosofia como disciplina é justamente provocar essas discussões em sala de aula. Como vimos, anteriormente, a educação é a base para a formação de um cidadão mais politizado. E a filosofia é o instrumento para o esclarecimento. Ou seja, é responsável por despertar nos alunos a curiosidade, aguçar o senso crítico e o poder de questionamento. Karl Jaspers
[5] assim coloca sobre a importância de filosofar.
Filosofar é decidirmo-nos á despertar em nós à origem,é reencontramo-nos e agir, ajudando-nos á nós próprios com toda a força....orientar filosoficamente a vida, não é esquecer, é assimilar, não é desviar-se, é recriar intimamente, não é julgar tudo resolvido é clarificar
[6]

Por tudo isso, podemos evidenciar a importância da filosofia, que vai nesse processo educacional desempenhar papel fundamental na formação da cidadania,
A relação da filosofia com a educação existe desde o mundo grego. Os filósofos gregos, em busca da arete humana, foram os que deram início às discussões sobre a filosofia da educação e seu sentido no mundo. Viam na educação um meio necessário para o alcance de uma cultura ideal e de uma alma purificada, capaz de elevar o homem ao conhecimento inteligível,
Na contemporaneidade as discussões entre Haberrnas e Rorty, podem contribuir para esclarecer um pouco a importância da filosofia na educação. Habermas Pretende desenvolver os aspectos comunicativos da racionalidade, Afim de produzir conhecimentos universais, que visam os interesses sociais. Enquanto Rorty pretende a construção de uma sociedade tolerante, que admita e respeite as diferenças, As discussões dos pressupostos da linguagem auxiliam no entendimento crítico,Discutindo os pressupostos práticos da linguagem, os autores desenvolvem pontos em comum, valorizando a vida e as experiências cotidianas
Aqui podemos notar a filosofia sendo colocada com um caráter prático, e não assimilativo ou contemplativo. Seja voltado à politicas sociais ou apenas ao desenvolver do senso crítico individual de cada cidadão, a filosofia tem sim um caráter educativo ético, que vem contribuir para a construção de uma sociedade mais justa.
Conclusão
Podemos enfatizar então que o ensino de filosofia é uma tentativa de reeducação ética, visto que, em nossa sociedade maioria dos valores se perderam em meio a tanta alienação.
A filosofia vai buscar então na pratica escolar desenvolver valores, atitudes e sentido de justiça, A filosofia no Ensino Médio representa portanto a possibilidade de se preparar o educando para o exercício da cidadania, para seu aprimoramento enquanto pessoa humana, ou seja. enquanto cidadão.
Durante todo o texto enfatizamos a importância da dualidade educação-filosofia ou a necessidade de uma educação filosófica, ou ainda como diria Schiller, que há uma profunda necessidade de uma educação estética, onde à saída seria a sensibilidade humana, seja por intermédio da arte ou pelo desenvolvimento da sua cultura, a filosofia tem essa função, abrir caminho para o esclarecimento racional do Homem.

Referências Bibliográficas
TREVISAM,LUIS AMARILDO E ROSATTO, NOELI DUTRA, organizadores, Filosofia e Educação Confluências, santa maria,Facos-UFSM,2005;
ARANTES, IVANI CATARINA, A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento. Fazenda org. Campinas, SP.PAPIRUS,1985. Coleção práxis.
SEVERINO, ANTONIO JOAQUIM,1941- Filosofia da Educação construindo a cidadania. SP.FDT,1994.
JASPERS, KARL, Iniciação Filosófica/ tradução Manuela pinto dos Santos, Guimarães editores. Lisboa.1993
REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS,V.1.n.1,RJ. Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos,1994
[1] Professora de filosofia licenciada pela Universidade Federal de Pelotas
[2] Age somente, segundo uma máxima tal, que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei universal." Kant E.; Fundamentos da metafísica dos costumes; RJ, Ediouro, sd:70-1,79.
[3] CHAUÍ, Marilena. Para que Filosofia? In: Convite à Filosofia. São
Paulo: Ática, 1997, 1º capitulo.
[4] CHAUÍ, Marilena. Para que F
[5] Jaspers. Karl “Iniciação Filosófica” p 116.117ilosofia? In: Convite à Filosofia. São
Paulo: Ática, 1997, 1º capitulo, p 6.
[6] Karl Theodor Jaspers Filósofo e psiquiatra alemão,

ESTÉTICA E FILOSOFIA

Relação entre estética e ciência, na formação integral do homem contemporâneo.

Introdução

Dentro das perspectivas atuais sobre quais deveriam ser os objetivos de uma educação de qualidade, há uma forte tendência em se afirmar que, ao formar o indivíduo, o processo educativo seja capaz de fornecer-lhe os instrumentos necessários não só para que atue em sua realidade, cuja garantia se daria pela apropriação de conhecimentos, mas, sobretudo, para que atue de forma consciente, participativa e ética e, para tanto, é imprescindível que se alie os valores ao corpo de conhecimentos.
Ao contrário da apropriação dos conhecimentos, que pressupõe uma certa formalização e sistematização na construção de conceitos, objeto de extensos estudos das ciências os valores constituem, um domínio bem menos explícito da educação, porque implicam questões subjetivas que orientam nossa forma de agir e de pensar. Disso decorre, por exemplo, que muitas vezes as práticas educativas restringem-se ao domínio cognitivo e até mesmo a disciplinas específicas, sem preverem métodos que contemplem a formação de valores nos alunos, ainda que as propostas curriculares prevejam a dimensão filosófica na educação.
È de extrema importância a educação estética na formação cultural integral do cidadão, visto que. Esta é considerada por muitos estudiosos uma mediação essencial no processo de desenvolvimento humano.
As bases teóricas da Educação Estética se fundam em valores socialistas, implicando a formação do “homem novo”, isto é, ser autônomo e livre ou homens capazes de atitudes estéticas, críticas e criadoras nas relações homem-homem, homem-natureza e homem-sociedade.
Em busca de uma educação social do Homem, deve-se utilizar de concepção educativa do estético que não se limite ao plano didático-pedagógico, mas uma elaboração conceitual que conceba a educação artística como base do processo de desenvolvimento social, através da formação de uma atitude estético-crítica diante da materialidade histórico-social.
O estético assim compreendido relaciona-se com valores éticos, ambientais, laborais, políticos, culturais, produtos do desenvolvimento social, portanto, complexos fundamentais e atuantes na elevação do gênero humano, isto é, como atividade capaz de dar sentido ético à práxis social e a própria vida em sociedade.
Estética origem e relações com a Ciência
Estética (do grego αισθητική ou aisthésis: percepção, sensação) é um ramo da filosofia que tem por objecto o estudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte. Ela estuda o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como as diferentes formas de arte e do trabalho artístico; a idéia de obra de arte e de criação; a relação entre matérias e formas nas artes. Por outro lado, a estética também pode ocupar-se da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo.
A estética adquiriu autonomia como ciência, destacando-se da metafísica, lógica e da ética, com a publicação da obra Aesthetica do educador e filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten, em dois volumes, 1750-1758. Baumgarten traz uma nova abordagem ao estudo da obra de arte, considerando que os artistas deliberadamente alteram a Natureza, adicionando elementos de sentimento a realidade percebida. Assim, o processo criativo está espelhado na própria atividade artística. Compreendendo então, de outra forma, o prévio entendimento grego clássico que entendia a arte principalmente como mimesis da realidade.
Na antiguidade - especialmente com Platão, Aristóteles e Plotino - a estética era estudada fundida com a lógica e a ética. O belo, o bom e o verdadeiro formavam uma unidade com a obra. A essência do belo seria alcançado identificando-o com o bom, tendo em conta os valores morais. Na Idade Média surgiu a intenção de estudar a estética independente de outros ramos filosóficos.
No âmbito do Belo, dois aspectos fundamentais podem ser particularmente destacados:
· a estética iniciou-se como teoria que se tornava ciência normativa às custas da lógica e da moral - os valores humanos fundamentais: o verdadeiro, o bom, o belo. Centrava em certo tipo de julgamento de valor que enunciaria as normas gerais do belo.
· a estética assumiu características também de uma metafísica do belo, que se esforçava para desvendar a fonte original de todas as belezas sensíveis: reflexo do inteligível na matéria (Platão), manifestação sensível da idéia (Hegel), o belo natural e o belo arbitrário (humano), etc.
Mas este caráter metafísico e conseqüentemente dogmático da estética transformou-se posteriormente em uma filosofia da arte, onde se procura descobrir as regras da arte na própria ação criadora (Poética) e em sua recepção, sob o risco de impor construções a priori sobre o que é o belo. Neste caso, a filosofia da arte se tornou uma reflexão sobre os procedimentos técnicos elaborados pelo homem, e sobre as condições sociais que fazem um certo tipo de ação ser considerada artística.
Para além da obra já referida de Baumgarten - infelizmente não editada em português, são importantes as obras Hípias Maior, O Banquete e Fedro, de Platão, a Poética, de Aristóteles, a Crítica da Faculdade do Juízo, de Kant e Cursos de Estética de Hegel. Estéticas na história e na filosofia
Embora os pensadores ponderaram a beleza e a arte por milhares de anos, o assunto da estética não foi totalmente separado da disciplina filosófica até o século XVIII. Grécia antiga Os filósofos gregos começaram a pensar sobre a estética através de objetos bonitos e decorativos produzidos em sua cultura. Platão entendeu que estes objetos incorporavam uma proporção, harmonia, e união, tentando entender estes critérios. Semelhantemente, nas "metafísicas", Aristóteles achou que os elementos universais de beleza eram a ordem, a simetria, e a definição. Denominação central para estética
· Ciência do belo nas produções naturais e artísticas;
· filosofia do belo na arte;
Designação aplicada a partir do século XVIII, por Baumgarten, à ciência filosófica que compreendeu o estudo das obras de arte e o conhecimento dos aspectos da realidade sensorial classificáveis em termos de belo ou feio.
Educação Estética e Ciência juntas na formação do Homem

A Educação Estética do Homem é, inicialmente uma composição reflexiva como proposta de se ver o homem como organismo vivo em constante transformação no seu compromisso com a prática política
A qualidade estética no homem é que lhe permite a auto-determinação, porque lhe restitui a liberdade de fazer de si instrumento em evolução constante. Ser estético é superar a contingência dada pela natureza das coisas.
Antropologicamente o homem é, primeiro, sensível porque antes de ter todos os recursos da razão desenvolvidos, vive sob a primazia das leis dos sentidos. Experimenta, sente, responde fisicamente. A razão absoluta está nele, carecendo do trabalho constante para o amadurecimento e nisso a educação, seja pela imitação, seja pela construção no aprender, atua e desenvolve o papel constituidor do caráter. Esta é a concepção estética de Schiller, uma teoria de fases evolutivas, na qual a beleza não é objeto da experiência sensualizante e agradável aos sentidos apenas, com também não é construída somente pela razão porque o sensível e o racional devem estar postos em relação de equilíbrio harmônico no sujeito livre e este em relação de homeostase com os fenômenos.
A partir dos argumentos de Schiller deduzi-se que Todas as coisas que de algum modo possam ocorrer no fenômeno são pensáveis sob quatro relações diferentes, são elas:
➢ Uma coisa pode referir-se imediatamente a nosso estado sensível (nossa existência e bem-estar). Esse é seu caráter físico.
➢ Uma coisa pode referir-se a nosso entendimento, possibilitando-nos conhecimento, este é seu caráter lógico.
➢ Uma coisa pode ainda referir-se a nossa vontade e ser considerada como objeto de escolha para um ser racional. Este é seu caráter moral.
➢ Uma coisa pode referir-se ao todo de nossas diversas faculdades sem ser objeto determinado para nenhuma isolada entre elas, este é seu caráter estético.
Então como vimos, encontramos no pensamento Schilleriano, uma idéia que já havia no pensamento grego, a idéia que existe uma educação para a saúde, uma educação do pensamento, uma educação para a moralidade, uma educação para o gosto e a beleza.
A estética aqui assumi um importante papel na construção do ser humano, juntamente com a ciência ela deve ser desenvolvida com caráter fundamental na construção individual de cada um. Pois a Estética se nutre de certa concepção do homem, da história e da sociedade”, que em momentos determinados também fundamentaram tais práticas. Dessa forma, a Estética se firma “como uma ciência que por seu objeto e métodos se inscreve no espaço do conhecimento que também ocupam diferentes ciências humanas e sociais”.
Como toda ciência, a Estética pretende descrever e explicar seu objeto próprio: sua relação (histórica e social) com a sociedade, assim como a prática artística derivada dessa relação. Ocupa-se, pois, de certos fatos, processos, atos ou objetos que só existem pelo e para o homem. Existência que não se resume ao objeto portador de um poder estético, mas considera interferência do homem e do seu potencial de transformação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
SCHILLER, Friedrich von, A Educação Estética do Homem, Iluminuras, SP, 1995 KANT, Immanuel, Crítica da Razão Pura, Nova Cultural, SP, 1996

CIÊNCIA E FILOSOFIA

Relação entre ciência e filosofia no decorrer da história da cultura ocidental.
Conhecimento Filosófico e Científico


Introdução


A preocupação em compreender o mundo sempre fascinou o homem em todos os tempos. Em cada época, o homem formulou explicações que tentavam esclarecer a origem, o porquê e o como das coisas.
As primeiras tentativas de entendimento da realidade surgiram com o mito e a religião. A religião procurava entender os fenômenos a partir da existência de uma entidade externa, Deus, que seria o promotor dos fatos ocorridos no mundo. Nesta perspectiva, todo e qualquer fenômeno era explicado como fruto da intervenção divina.
Uma outra forma de compreender a realidade, que emergiu em todos os lugares, mas que encontrou entre os gregos uma expressão bastante significativa, foi o mito. Com o mito, o homem procurava explicar os fenômenos, O rompimento com o mito ocorreu quando os pré-socráticos, na Grécia antiga, procuraram estudar a realidade não mais na crença, mas na razão. Esse tipo de leitura é fruto da problematização, do debate de argumentos, ou seja, procurava-se comprovar o que se pensava. Era um rompimento total com as formas anteriores, pois a razão agora era a mediadora. Surgia, então, a filosofia.
A filosofia continuou, por muitos séculos, como a fonte de leitura da realidade. Somente no século XVI, com o nascimento da ciência moderna, apareceu uma nova forma de compreensão do mundo. A ciência apresentava um elemento novo no estudo do fenômeno: o método. Agora, para se compreender alguma coisa, era necessário ter um método que o orientasse.
A grande marca dessa nova maneira de estudar a realidade foi a tentativa de romper com qualquer forma de saber externo aos padrões dos métodos adotados. Entre elas, as concepções metafísicas e do senso comum. Qualquer menção a essas formas de saber eram consideradas heréticas. Surgia uma forma de saber que se propunha neutra, onde qualquer descoberta era certa e imutável
Vamos analisar primeiramente os conceitos de Conhecimento filosófico e cientifico, a seguir, os pensadores que deram origem a essas discussões, bem como, os métodos que utilizavam, e também, estabelecer questionamentos filosóficos a cerca da ciência e definir quais os objetivos da ciência.
CONHECIMENTO FILOSÓFICO

É um conhecimento, um estudo que se caracteriza pela intenção de ampliar incessantemente a compreensão da realidade. No sentido de apreendê-la na sua totalidade, pela busca da realidade capaz de abranger todas as outras, conjunto de estudos ou de considerações que tendem a reunir uma ordem determinada de conhecimentos. Consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Sistemático, pois, suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade.
A filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando até leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.
A filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. Não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. Ele é, antes de mais nada, uma prática de vida que procura pensar os acontecimentos além de sua aparência. Assim, ela pode se voltar para qualquer objeto ou assunto. Pode pensar a ciência, seus valores, seus métodos, seus mitos. Pode pensar a religião, a arte e pensar também o próprio homem em sua vida cotidiana.
O pensamento filosófico se difere do comum, pois, usa um método diferente. Usa da razão, é portanto, um método racional. O simples fato de apenas pensar, não nos permite a posse do conhecimento filosófico, posto que, pensar, é uma atividade natural do ser humano, mas ela definitivamente não é, ao menos em primeira análise, filosofia. Pensamento filosófico tem como característica intrínseca, sistematização, rigor, e até mesmo sua linguagem é extremamente precisa, embora alguns digam o contrário.
O pensamento filosófico em sua profundidade pode também ser chamado de reflexão. Esta reflexão é rigorosa, no sentido de ter um embasamento sólido, sem ambigüidades, o que exige uma certa precisão nos termos, no momento em que se busca ver os problemas de forma total. A lógica é um dos instrumentos do qual se utiliza a filosofia para cuidar das regras do bem pensar, trata dos argumentos e das conclusões através da sustentação das evidências. É mediante a lógica que confirmamos a validade formal dos argumentos.

CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O Conhecimento Científico pode ser: real ou factual - lida com ocorrências, fatos, isto é, toda forma de existência que se manifesta de algum modo. Contingente - suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. Sistemático - saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Verificável - as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Falível - em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final. Aproximadamente exato - novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

Métodos

Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências. Dessas afirmações podemos concluir que a utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científicos. Copérnico Foi um grande cientista que revolucionou em muito todo o desenvolvimento deste tipo de pensamento, porém aqui, iremos tratar dos pensadores mais aproximados, ou que mais influenciaram de forma direta a filosofia.
Feito este esclarecimento podemos afirmar que o pioneiro a tratar do assunto, no âmbito do conhecimento científico, foi Galileu Galilei, primeiro teórico do método experimental. discordando dos seguidores do filósofo Aristóteles, considera que o conhecimento da essência íntima das substâncias individuais deve ser substituído, como objetivo das investigações, pelo conhecimento das leis que presidem os fenômenos. As ciência, para Galileu, não têm, como principal foco de preocupações, a qualidade, mas as relações quantitativas. Seu método pode ser descrito como indução experimental, chegando-se a uma lei geral através de da observação de certo número de casos particulares. Os principais passos de seu método podem ser assim expostos: observação dos fenômenos; análise dos elementos constitutivos desses fenômenos, com a finalidade de estabelecer relações quantitativas entre eles; indução de certo número de hipóteses; verificação das hipóteses aventadas por intermédio de experiências; generalização do resultado das experiências para casos similares; confirmação das hipóteses, obtendo-se, a partir delas, leis gerais.

REVOLUÇÃO CIENTÍFICA

Contemporâneo de Galileu, Francis Bacon também partiu da crítica a Aristóteles, por considerar que o processo de abstração e o silogismo (dedução formal que, partindo de duas proposições, denominadas premissas, delas retira uma terceira, nelas logicamente implicadas, chamada conclusão) não propiciam um conhecimento completo do universo. Parte do pressuposto de que o conhecimento científico é o único caminho seguro para a verdade dos fatos, devendo seguir os seguintes passos: experimentação; formulação de hipóteses; repetição; testagem das hipóteses, formulação de generalizações e leis.

Ao lado de Galileu e Bacon, no mesmo século, surge Descartes. Com sua obra, Discurso do Método, afasta-se dos processos indutivos, originando o método dedutivo. Para ele, chega-se à certeza através da razão, princípio absoluto do conhecimento humano. Postula, então, quatro regras: evidência, que diz para não acolher jamais como verdadeira uma coisa que não se reconheça evidentemente como tal, isto é, evitar a precipitação e o preconceito e não incluir juízos, senão aquilo que se apresenta com tal clareza ao espírito que torne impossível a dúvida; análise, que consiste em dividir cada uma das dificuldades em tantas partes quantas necessárias para melhor resolvê-las, ou seja, o processo que permite a decomposição do todo em suas partes constitutivas, indo sempre do mais para o menos complexo; síntese, entendida como o processo que leva à reconstituição do todo, previamente decomposto pela análise, consistindo em conduzir ordenadamente os pensamentos, principiando com os objetos mais simples e mais fáceis de conhecer, para subir, em seguida, pouco a pouco, até o conhecimento dos objetos que não se disponham, de forma natural, em seqüências de complexidade crescente; enumeração, que consiste em realizar sempre enumerações tão cuidadosas e revisões tão gerais que se possa ter certeza de nada haver omitido.
O método dedutivo de Descartes foi a sua maior contribuição para a ciência moderna. A visão cartesiana terminou separando a mente da matéria, o que iria marcar profundamente a ciência posterior. Nessa visão, a ciência trabalhava com tudo o que é ligado à matéria, que pode ser medido, pesado, ou seja, quantificado. Para Descartes, “o universo material era uma máquina, nada além de uma máquina. Não havia propósito, vida ou espiritualidade na matéria”. Assim, o universo imaginado pela ciência moderna era físico e expulsava qualquer assertiva que não se enquadrasse nesse modelo.
A ciência desenvolvida nesse período avançou bastante com as descobertas de Newton, quando este propõe a lei da gravidade como uma força que rege todo o universo. A concepção de universo que emerge é determinista, já que é possível através das leis matemáticas determinar qualquer posição de um objeto no espaço. O universo tornava-se previsível.
Uma das conseqüências do avanço científico foi o desenvolvimento de uma tecnologia agressiva que destrói o meio ambiente. Essa tecnologia agressiva é fruto da concepção que se tinha de que a natureza deveria ser dominada e explorada para atender os interesses dos homens. Nessa perspectiva, todo o avanço tecnológico que causasse dano a natureza não era visto como ruim, pois a natureza era algo distinto de homem e que existia para atendê-lo. Não havia a visão atual de que somos partes integrantes da natureza e que a sua preservação garante a nossa existência.
A ciência passou então a ser um elemento de extrema potencialidade para o capitalismo, pois ampliava os meios de produção e de acumulação. A ciência foi envolvida pela lógica capitalista e passou a ser um fator de diferenciação entre os povos e se tornou num mecanismo de dominação das nações mais industrializadas sobre as menos. Ciência e tecnologia estão intimamente ligadas a esse processo de criação da sociedade ocidental

Conclusão

Vimos neste trabalho que os conhecimentos filosófico e científico influenciaram e continuam a influenciar a vida do homem fornecendo o conhecimento necessário para seu devido desenvolvimento, ainda que este desenvolvimento nem sempre se dê de forma racional. A função destes dois modos de pensar o mundo deveriam ser não somente apreender, mas também refletir sobre o mundo, ter uma compreensão melhor dele. O Conhecimento Filosófico, parte de axiomas gerais para inferir casos particulares, enquanto o Pensamento Científico, parte dos particulares para formular leis gerais, talvez a confluência destes dois tipos de conhecimento sejam a chave para se fazer a grande revolução na ciências, tanto físicas, quanto humanas, para uma melhora do nível de vida em todos os sentidos.
A concepção de ciências que emerge é: a de que o saber não pode estar enclausurado dentro de certos princípios epistemológicos, que se dizem eternos e que dariam validade definitiva para o conhecimento científico, já que a crença numa verdade definitiva na ciência pós-moderna não existe e o que há é um eterno processo de aproximação da realidade através da elaboração de teorias que procuram expressá-la de forma mais fiel possível; é uma visão de ciência que trata a realidade de forma orgânica e sistêmica, ao afirmar que não é possível construir um conhecimento mais elaborado do mundo se tratarmos os fenômenos de forma isolada, ou seja, como se eles existissem sem interagirem uns com outros, ao formar a teia da realidade; é uma ciência comprometida com o que é produzido, por ter uma implicação com o impacto gerado por suas descobertas. Nesta visão, não é possível pensar uma ciência que contribua para a destruição do meio ambiente e que aprofunde o fosso que separa as civilizações industrializas das não industrializadas. Sendo assim, é um conhecimento preocupado em promover o ser humano.
Enfim, a ciência pós-moderna é uma mudança de postura epistemológica diante dos fenômenos estudados. É uma busca, ao enfrentar os desafios da ciência contemporânea de forma mais aberta e dinâmica, tentando compreender que a natureza é algo que se torna cada vez mais fugaz e mutante, num mundo que está em constante transformação. É uma concepção de ciência que abarca a certeza na mudança e no transitório. Fazer ciência, então, é uma viagem sem destino e que não há um mapa (método) definitivo capaz de revelar o caminho mais adequado e rápido.


Bibliografia

ARANHA, MARIA LÚCIA DE ARRUDA – Filosofando: Introdução à Filosofia / Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins. 2°ed. São Paulo: Moderna, 2000.

TELES, ANTONIO XAVIER – Introdução ao Estudo de Filosofia. 34°ed. São Paulo: Ática, 2000.





ALGUNS EXEMPLOS DE QUESTIONAMENTOS FILOSÓFICOS NO ÂMBITO DA
CIÊNCIA:
⇒ Quanto á objetividade científica: existe realmente a chamada objetividade científica? Qual a relação entre o sujeito que conhece e o objeto a conhecer?
⇒ Quanto á observação dos fatos: observo passivamente os fatos ou os vejo de acordo com os meus projetos?Será que não vejo as coisas de na medida em que elas corresponderem a determinado interesse? Os fatos acontecem independentemente de mim ou eu de certa forma crio os fatos?
⇒ Quanto aos fatos em si: será que toda teoria científica se apóia em fatos? Se assim é por que há teorias diferentes no campo científico sobre uma mesma realidade? Os fatos falam por si? Será que é verdade que contra fatos não há argumento?
⇒ Existe a neutralidade no conhecimento científico ou ele está marcado por relações políticas? Quais os interesses políticos que perpassam pelo conhecimento científico? Qual a relação entre ciência e poder?
Estes questionamentos filosóficos nos revelam o quanto é importante a reflexão filosófica sobre a ciência pois ela nos ajuda a lutar contra o cientificismo que se propõe como saber absoluto sobre as coisas e o homem. Mas ao mesmo tempo estes questionamentos evidenciam o papel da imaginação, do sujeito no processo do conhecimento científico. O conhecimento científico é algo profundamente humano.
Podemos então enfatiza do conhecimento cientifico, que este:
⇒ desconfia de nossas certezas, de nossa adesão imediata às coisas, da ausência de crítica.
⇒ Onde o senso comum vê muitas vezes fatos e acontecimentos, o conhecimento científico vê problemas e obstáculos.
⇒ Ele busca leis gerais para os fenômenos Ex.: a queda dos corpos é explicada pela lei da gravidade. Não acredita em milagres mas acredita na regularidade, constância, freqüência dos fenômenos.
⇒ É generalizador, pois reúne individualidades sob as mesmas leis, sob as mesmas medidas. Ex.: a química nos revela que a enorme variedade de corpos se reduz a um número limitado de corpos simples que se combinam de modos variados.
⇒ Aspira à objetividade enquanto o senso comum se caracteriza pela subjetividade.
⇒ Dispõe de uma linguagem rigorosa cujos conceitos são definidos de modo a evitar qualquer ambigüidade.
⇒ É quantitativo: busca medidas, padrões, critérios de comparação e de avaliação para coisas que parecem ser diferentes. Por isto, a matemática se constitui em instrumento importante de várias ciências.
⇒ Tem método rigoroso para a observação , experimentação e verificação dos fatos.
⇒ Diferentemente do Senso Comum que muitas vezes é marcado pelo sentimento, o conhecimento científico se pretende racional.

[1] Professora de filosofia Licenciada pela Universidade Federal de Pelotas