sábado, 29 de outubro de 2011

Filosofia medieval




Na Idade Média, ocorreu um intenso sincretismo entre o conhecimento clássico e as crenças religiosas. De fato, uma das principais preocupações dos filósofos medievais foi a de fornecer argumentações racionais, espelhadas nas contribuições dos gregos, para justificar as chamadas verdades reveladas da Igreja Cristã e da Religião Islâmica, tais como a da existência de Deus, a imortalidade da alma etc.Principais períodosA história da filosofia medieval é tradicionalmente dividida em três períodos principais: o primeiro até o século XII, com; o Ocidente Latino preservando e cultivando as obras de Aristóteles e Platão; a "Idade de Ouro" dos séculos XII, XIII e XIV, que testemunha o ápoce da descoberta da filosofia antiga, e desenvolve importantes teoris no campode Filosofia da Religião, Lógica e Metafísica. A Idade Medieval foi desmerecida pelos humanistas da Renascença, qe viam nela um período intermediário entre a cultura clássica da Grécia e de Roma e a Renascença de seus seus valores, apesar deste período ter durado aproximadamente mil anos e ser o mais longo período de desenvolvimento filosófico na Europa, e um dos mais ricos. Os problemas discutidos durante a FIlosofia Medieval tratam da relação entre fé e razão (fides et ratio), com o latim da igreja romana predominando no mundo da cultura. Os filósofos medievais tratam da existênciae natureza de Deus, e o propósito da teologia é justificar naturalmente, através da razão, a "verdade revelada" da Bíblia pela fé. Para isso abordam também o problema do conhecimento, dos universais, do individualismo e da metafísica. a) Temporal. — O que seja a filosofia da Idade Média poderíamos simplesmente determiná-lo, como o pensamento filosófico ocidental que ocupa o espaço de tempo entre o fim do mundo antigo, fixado na queda do Império Romano do ocidente (476), e o começo dos chamados tempos modernos, cujo início se costuma estabelecer a partir da conquista de Constantinopla (1453) ou do princípio da Reforma (1517). Dá-se à filosofia da Idade Média muitas vezes a denominação pura e simples de filosofia escolástica. A escolástica propriamente dita começa porém no séc. nono; a época anterior é a da lenta preparação da filosofia escolástica pelo pensamento dos Padres da Igreja. Assim, dividiremos a filosofia da Idade Média em dois grandes períodos — a filosofia patrística e a filosofia escolástica. β) Quanto ao conteúdo. — Se quisermos caracterizar a filosofia medieval por dentro, no correspondente à sua essência espiritual, então podemos designá-la como o pensamento filosófico do ocidente que, desde Agostinho e, mais particularmente, desde Anselmo de Cantuária, obedece ao motto: saber para crer, crer para poder saber: intellige ut credas, crede ut intelligas (AUgustinus, Serni. 43, c. 7 n.° 9). A filosofia, que em si mesma tem por objeto tratar dos grandes problemas do mundo, do homem e de Deus, só com as forças da razão, une-se neste período com a fé religiosa, e esta com aquela, fenômeno este que, demais, neste período de tempo, é também característico da filosofia árabe e judaica. A união da fé e da ciência, no pensamento do homem medieval cristão, se entende, no pressuposto de uma unidade ideológica.. Nela repousa o espírito de toda esta época e nela nada há de mais significativo do que exatamente essa unidade espiritual. Como nunca, em nenhum período da história do pensamento ocidental, é todo um mundo que vive na certeza da existência de Deus, da sua sabedoria, poder e bondade. Sabe com segurança a origem do inundo e sua ordem cheia de sentido; a essência do homem e a sua posição no cosmos, a significação da sua vida, as possibilidades do seu espírito para conhecer o ser do mundo e a estrutura da própria existência; a sua dignidade, liberdade e imortalidade; os fundamentos do direito, a ordenação do poder do Estado e o sentido da história. Unidade e ordem são os sinais do tempo. Enquanto nos tempos modernos se indaga sobre a possibilidade da ordem e da lei e como podem subsistir, na época medieval a ordem é algo de evidente e a nossa tarefa é apenas a de reconhecê-la. Após alguns passos incertos, no começo da patrística, a Idade Média encontrou suas linhas de direção, que conservou até o seu final. Não há dúvida que foi. à religião cristã que se deve esta grandiosa verdade. Jamais foi tão verdadeiro, como nessa época, o dito que "a religião realizou a ordem mais estável e rica de conteúdo e só com o auxílio da razão, não por meio de prescrições diretas, mas mediante homens de fé, revestidos de seriedade e constância." (K. JaspeRs).γ) Filosofia ou Teologia? — Muitas vezes porém se veio perguntar se então ainda se trata de pura filosofia, quando o logos já não é o único a dominar, deixando-se assim guiar pela religião. Pois então, neste consórcio, tudo já de antemão teria sido feito de encomenda, como se repete freqüentemente. A filosofia já não teria que resolver os seus problemas próprios, pois já estão eles resolvidos pela fé. A filosofia teria que desenvolver-se no terreno da fé. É baseado na fé que o filósofo deve operar e, de ordinário, tem o pensamento filosófico de servir ao patrimônio da crença fundando-o, defendendo-o, explicando-o, aplicando-lhe cientificamente a análise e a síntese. "A filosofia serva da teologia", conforme soam as palavras tantas vezes citadas de Pedro Damião, para caracterizar essa época. Em suma, uma filosofia não isenta de "preconceitos", sendo por isso mesmo que parece duvidoso tenha existido verdadeira filosofia na Idade Média.αα) Vida filosófica. — Este modo de ver julga e discute algo superficialmente. Radica-se num tempo em que se via na Idade Média apenas a "idade das trevas". Então a história da filosofia não tinha muitas notícias sobre essa época. Hoje sabemos, depois das investigações de DeniEle, Ehrle, Bauemker, M. De WUlf. Grabmann, MaNdoNNet, Gilson e outros, que as realizações filosóficas da Idade. Média eram muito mais compreensivas, vivas e também individuais do que se poderia supor. Em lugar de a gente deixar-se levar por apreciações superficiais, seria melhor examinar as fontes impressas e não impressas e para logo haveríamos de ver que a Idade Média conhecia muito bem, de um ponto de vista e com métodos puramente filosóficos, os problemas essencialmente filosóficos.ββ) Liberdade espiritual. — Além disso é um fato, que também para os homens medievais era, em princípio, livre o pensar e o investigar. Inocêncio III, à questão de um crente, fundado em melhor conhecimento da situação, se se pode desobedecer à ordem do superior, dirigindo-se pela sua convicção e liberdade, respondeu: "Tudo o que não se ajusta à convicção pessoal é pecado (Rom. 14, 23); e o que se faz contra a consciência é edificação para o inferno. Não se pode obedecer a um juiz contrariamente à lei de Deus; é antes preferível deixar-se excomungar", A decisão do Papa foi incorporada à legislação da Igreja (Corp. Iur. Can. II, 26S, cf. Richter-Friedberg). Nesse sentido Tomás dE Aquino, e com ele um sem-número de outros escolásticos, ensinou que um excomungado, em virtude de erradas pressuposições, deve antes morrer nessa condenação, do que obedecer a uma prescrição do superior, errada, segundo o seu conhecimento do caso, "pois isso seria contra a veracidade pessoal" (contra veritatem vitae), que não se pode abandonar mesmo para evitar um escândalo possível(In IV Sent. dist. 38. exps. text. in fine). Isto porém não é nada de espantoso, sendo apenas uma aplicação da velha doutrina sobre a consciência errônea, a que devemos sempre obedecer, doutrina que em princípio vem sancionar a liberdade pessoal.γγ) "Ausência de pressuposições". — Se porém o homem medieval não fez grande uso da sua liberdade; se ele de fato e largamente seguiu as pressuposições da sua mundividência e da opinião pública, isso não se deu por ter-se curvado a uma coerção externa, mas porque não considerava como pressuposto o que hoje nos aparece como tal. O seu aprisiona-mento nas "funções" de natureza cosmovisional e religiosa era na realidade uma preocupação. Censurá-la por isso e apodar a sua filosofia de não genuína, seria compreensível se hoje não padecêssemos dessa carência e, na verdade filosófica, fôssemos isentos de preconceitos. Muitos assim o acreditaram de si próprios. Quando no primeiro terço do nosso século essa crença mesma foi acoimada de preconceito, o pêndulo deslocou-se para o outro lado e a gente se entregou a tini universal relativismo, duvidando da possibilidade de vencer os preconceitos; chegando-se agora exatamente, fazendo da impotência virtude, a aceitá-los por força do "’caráter". Condenar a Idade Média, com os preconceitos de não ser ela ”isenta de preconceitos", é de todo em todo paradoxal; mas isso se faz. A verdade está no meio. Na realidade dos fatos nunca houve ausência de preconceitos. Permaneceu essa ausência contudo como um ideal a que devemos tender por amor da verdade. Ora esta tendência existiu na filosofia medieval. Também ela quis sobrepujar toda auto-ilusão e alcançar a verdade objetiva. Quem o conseguiu, melhor, nós ou os medievais, os tempos futuros poderão julgá-lo. Em todo caso a ocasião se nos oferece de ser cantos em não subestimar a Idade Média, pois cada vez conhecemos melhor, que o homem moderno,-no seu pensar e sentir, é muitas vezes mais medieval que a Idade Média. E também o filósofo moderno è filho do seu tempo, caindo, em dadas ocasiões, sob as rodas do destino, prescindindo-se completamente de que a história da filosofia pode colocar cada filósofo no seu devido lugar e nem sempre por causa de razões extrínsecas ao momento transeunte. Isto se dá igualmente com os filósofos medievais e por isso mesmo o seu pensar é verdadeira filosofia.b) Significação da filosofia medieval Todavia, a filosofia atual vive na idade moderna e se sente como algo distinto e realmente novo. Significa ainda a Idade Média alguma cousa? Certamente. Não somente ela copiou os antigos códices, conservando assim não apenas a ciência e a arte da antigüidade, mas também assegurou nas suas escolas a continuidade da problemática filosófica. A temática tão fundamental, p. ex., relativa à substância, à causalidade, á realidade, à finalidade, à universalidade e à individualidade, à sensibilidade e ao mundo fenomenal, ao entendimento e à razão, à alma e ao espírito, ao mundo e a Deus, não surge pela primeira vez e imediatamente, como provinda da antigüidade, no humanismo e na Renascença, mas é transmitida aos filósofos modernos pela Idade Média. Não se pode ler Descartes, Espinosa, LeibNiz, nem ainda Locke, WolFf e com eles também Kant, sem conhecer conceitos e problemas medievais. Mesmo onde a oposição se manifesta abertamente e se busca algo de novo, essa diversidade a inteligência só pode apreendê-la no seu íntimo, se se percebe como mesmo na antítese, de certo modo a posição antiga se faz sentir e até mesmo de maneira criadora. E finalmente a Idade Média é em muitos aspectos modelar. Formalmente, pela acuidade e rigor lógicos com que conduz o pensamento, e pelo caráter objetivo da sua concepção da ciência, pospondo sempre a pessoa à realidade. Materialmente, pelo sadio entendimento dos homens, que o resguarda das extravagâncias tão típicas da filosofia moderna, e fá-la conservar uma linha que perdura durante séculos. Não somente a sua doutrina do direito natural vive e viverá num "eterno retorno"; também os seus filosofemas sobre a substância, a realidade, a alma, a verdade, os direitos humanos, a essência do Estado etc., conservam um valor imperecedouro, de modo que se pode caracterizar o patrimônio do pensamento medieval como a philosophia perennis..Claro, não se pode mais voltar à Idade Média como a um paraíso perdido. É e permanece passado. Mas é de justiça alimentar um sentimento de apreço para a eterna verdade nela existente e esforçar-se a gente pela fazer manifestar-se sob novas formas, de acordo com as circunstâncias diferentes. "Esperamos que, num mundo novo e na elaboração de um novo material, hão de ser ainda operantes aqueles princípios espirituais e eternas normas de que, nos seus melhores tempos, a cultura medieval nos oferece uma particular realização histórica que, mesmo com os seus defeitos, é de uma elevada grandeza, embora definitivamente passada" (.T. Maritain).c) FontesGrandes coleções: Migne, Patrologia Oraeca (162 vols.) e Patrologia Latina (221 vols.). Die christlichen Schriftsteller der ersten drei Jahrhunderte (Os escritores cristãos dos primeiros três séculos), editados pela Academia de Ciências de Berlim.Gorpus scriptorum ecclesiasticorum latinorum ed. pela Academia das Ciências de Viena. M. De Wulf, Les philosophes Belges(15 vols.). Reithmayer-Thlhofer, Bibliothek der Kirchenvãter (Biblioteca dos Padres de Igreja) (80 vols.).

A busca pela verdade


A palavra verdade pode ter vários significados, desde “ser o caso”, “estar de acordo com os fatos ou a realidade”, ou ainda ser fiel às origens ou a um padrão. Usos mais antigos abarcavam o sentido de fidelidade, constância ou sinceridade em atos, palavras e caráter. Assim, "a verdade" pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores. Esta qualificação implica oimaginário, a realidade e a ficção, questões centrais tanto em antropologia cultural, artes, filosofia e a própria razão. Como não há um consenso entre filósofos e acadêmicos, vário teorias e visões a cerca da verdade existem e continuam sendo debatidas.

Para Nietzsche, por exemplo, a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque não se pode alcançar uma certezasobre a definição do oposto da mentira. Daí seu texto "como filosofar com o martelo".

Quem concorda sinceramente com uma frase está alegando que ela é verdadeira. A filosofia estuda a verdade de diversas maneiras. A metafísica se ocupa da natureza da verdade. A lógica se ocupa da preservação da verdade. Aepistemologia se ocupa do conhecimento da verdade.

O primeiro problema para os filósofos é estabelecer que tipo de coisa é verdadeira ou falsa, qual o portador da verdade (em inglês truth-bearer). Depois há o problema de se explicar o que torna verdadeiro ou falso o portador da verdade. Há teorias robustas que tratam a verdade como uma propriedade. E há teorias deflacionárias, para as quais a verdade é apenas uma ferramenta conveniente da nossalinguagem. Desenvolvimentos da lógica formal trazem alguma luz sobre o modo como nos ocupamos da verdade nas linguagens naturais e em linguagens formais.

Há ainda o problema epistemológico do conhecimento da verdade. O modo como sabemos que estamos com dor de dente é diferente do modo como sabemos que o livro está sobre a mesa. A dor de dente é subjetiva, talvez determinada pela introspecção. O fato do livro estar sobre a mesa é objetivo, determinado pela percepção, por observações que podem ser partilhadas com outras pessoas, por raciocínios ecálculos. Há ainda a distinção entre verdades relativas à posição de alguém e verdades absolutas.

Filósofos analíticos apontam que a visão relativista é facilmente refutável. A refutação do relativismo, como Aquino colocou, baseia-se no fato de que é difícil para alguém declarar o relativismo sem se colocar fora ou acima da declaração. Isso acontece por que se a pessoa declara que "Todas as verdades são relativas", aparece a dúvida se essa afirmação é ou não é relativa. Se a declaração não é relativa; então, ela se auto-refuta.

Ela se refuta por que a declaração encontra uma verdade sobre relativismo que determina que uma importante verdade relativista não é relativa. Por que a declaração não é relativa, força o ouvinte a concluir que a declaração "Todas as verdades são relativas" é uma declaração falsa.
Por outro lado, se todas as verdades são relativas, incluindo a afirmação de que"Todas as verdades são relativas", nesse caso, se for relativa aos desejos do ouvinte, então, se ele não quer acreditar q "Todas as verdades são relativas", ele não é obrigado a crer na afirmação.

Nesse caso é o desejo dele contra o desejo de quem afirma. Por que as verdades são relativas ele é livre para acreditar em qualquer variação da verdade. Ele pode, inclusive, crer que "Todas as verdades são absolutas" Vai procurar a resposta.

Tipos de Verdade

A verdade é uma interpretação mental da realidade transmitida pelos sentidos, confirmada por outros seres humanos com cérebros normais e despidos de preconceitos (desejo de crer que algo seja verdade), e confirmada por equações matemáticas e lingüísticas formando um modelo capaz de prever acontecimentos futuros diante das mesmas coordenadas.

§ Verdade material é a adequação entre o que é e o que é dito.

§ Verdade formal é a validade de uma conclusão à qual se chega seguindo as regrasde inferência a partir de postulados e axiomas aceitos.

§ É uma verdade analítica a frase na qual o predicado está contido no sujeito. Por exemplo: "Todos os porcos são mamíferos".

§ É uma verdade sintética a frase na qual o predicado não está contido no sujeito.

§ Sofisma é todo tipo de discurso que se baseia num antecedente falso tentando chegar a uma conclusão lógica válida.

O que é a Verdade?


Para os filósofos gregos a verdade estava no ser das coisas, ou melhor, na essência das coisas. Este conceito de verdade tem bastante influência do platonismo. Como se sabe Platão, por meio de sua dialética, dividiu a realidade em dois mundos: o físico – onde residem às aparências, sombras e doxas – e das idéias ou supra-sensível – onde residem às essências das coisas. Neste sentido, a verdade está na essência e, portanto, no mundo das idéias.

Para Aristóteles, filósofo grego posterior a Platão, a verdade estava no discurso, na maneira como anunciamos a verdade. Por isso este filósofo desenvolve a lógica formal. Verdadeiro e falso, na concepção aristotélica, fazem parte do problema da verdade. J

á para os medievais, particularmente os escolásticos – fundamentados pelo pensamento de São Tomás –, a verdade estava na realidade, independentemente do sujeito. Cabia ao intelecto adaptar-se à verdade que estava no mundo, criado por Deus.

Já sabendo o conceito de verdade, passemos para o passo seguinte: verdade e veracidade. Antes de tudo, consideremos que ambas (verdade e veracidade) não se encontram justa-postas. Separamo-las aqui somente para facilitar a compreensão. A verdade tem a ver com o caráter objetivo das coisas. Ela está fora, exterior ao sujeito. Trata-se de entender a verdade do ponto de vista fenomenológico: ela é o que é. Todos têm acesso à verdade, pois ela é objetiva.

Já a veracidade depende estreitamente do sujeito. Ela é uma forma consciente, mas nem sempre segura, de transmitir conhecimento, visto que a veracidade guarda algumas características do sujeito – depende da boa-fé dele. Uma vez distinguida verdade de veracidade, cumpre-nos entender as espécies de verdades que existem.

Comecemos pela verdade material – aquela onde existe concordância entre o objeto material e a forma argumentativa deste objeto. Há também a verdade formal caracterizada pela concordância argumentativa do discurso. Na verdade formal não pode haver contradição na disposição dos argumentos de um discurso. Outra espécie de verdade é a convencional ou axiomática, trata-se do acordo realizado entre um grupo de pessoas que convencionalmente decidem sobre alguma verdade.

Já a verdade do tipo moral tem a ver com a coerência que deve existir entre o discurso e a ação, entre a teoria e a prática. É importante destacar outras três espécies de verdade: a pragmática, a estatal e a dogmática: a primeira diz respeito à utilidade. A verdade que é útil para alguma coisa; a segunda (estatal) pode ser de dois tipos: as verdades estabelecidas por uma nação (por meio de leis, normas de conduta, etc) e as que são estabelecidas por grupos políticosque visam determinados interesses.

Quanto à última espécie de verdade, a dogmática, esta se fundamenta nos dogmas estabelecidos, principalmente, pelas religiões. Os dogmas são inquestionáveis e dependem da aceitação ou da fé. Tendo definido as espécies de verdades, passemos aos cinco critérios de verdade:

1) autoridade: tem a ver com o grau de intelectualidade, cientificidade de um determinado autor. Pode haver um conhecimento baseado na autoridade religiosa, como o foi na escolástica, ou política – quando há ditaduras;

2) evidência: entendida como aquilo que se mostra evidente;

3)ausência de contradição: trata-se da coerência do discurso, tal como vimos na verdade formal;

4) utilidade: onde a verdade deve mostrar-se útil. Ela precisa ter uma finalidade prática;

5) prova: é o critério onde a verdade deve ser provada, submetida a testes empíricos ou não, mas que seja demonstrado os fundamentos. Pode ser uma prova por meio de um raciocínio ou apresentação de fatos pelos quais se constata a verdade.

Para finalizarmos, é importantíssimos fazermos uma distinção adequada entre ciências causais (biologia, física, química, medicina) e disciplinas axiológicas (ética, política, religião, direito, etc.). As ciências causais não são criadas pelos homens e, por esta razão, não dependem deles para existir. Elas nascem junto com a natureza. As ciências causais são baseadas na lei da causalidade, presente na natureza. Já as disciplinas axiológicas são criações humanas. Nascem a partir da necessidade que os homens têm de se organizar.

A questão da união entre o problema da verdade e as ciências (traduzida pela neurociência, psico-neuro-medicina, etc) atuais está bem explicita nos estudos que têm se realizado atualmente onde se tenta aproximar a neurociência à filosofia. A motivação de associar estas áreas do conhecimento se dá porque “os homens julgam as coisas seguindo a disposição de seu cérebro”. Henri Brgdom sugere que nossos conhecimentos do cérebro podem ter incidências positivas para a filosofia


sábado, 22 de outubro de 2011

Epistemologia Medieval



Nosso desafio é apresentar, nesta pesquisa, o desenvolvimento da teoria do conhecimento nos principias representantes da filosofia Medieval: Aurélio Agostinho e Tomás de Aquino. Nossa perspectiva é tentar abranger o máximo do pensamento destes autores no que tange a esfera do conhecimento, como se dá à aquisição dele e quais os meios que viabilizam o conhecimento.Importa, sobretudo, anteciparmos que para os filósofos medievais, a verdade já estava dada na realidade, era expressão da “criação de Deus”, cabia, portanto ao intelecto a adaptação à verdade das coisas. Sob este aspecto, tanto Agostinho, quanto Tomás, optam defendem que o conhecimento se dá pelo uso da fé – sobretudo na concepção agostiniana por que a verdade é revelada aos homens – e da razão, enquanto instrumento que auxilia a busca da verdade que é o próprio Deus.No contexto político-cultural da idade média vive-se o modo de produção feudal que privilegia o trabalho servil e manifesta desprezo pela atividade manual. Neste sentido a ciência não se desenvolve enquanto busca pela experiência. Na nossa pesquisa, procuraremos ligar o pensamento de cada autor, seja pertencente a patrística ou à escolástica, a seu contexto. Também dispomos de uma pequena biografia que nos ajudará a entender a vida de cada pensador.As páginas que seguem ao desenvolvimento destas pesquisas são instrumentos limitados. Para penetrar a fundo no conteúdo filosófico e – por que não dizer – teológico da corrente agostiniana e tomista é preciso muito mais pesquisa e esforço intelectual. Seguem-se alguns aperitivos para pesquisarmos, melhor o pensamento de cada autor. Somente assim aprofundaremos sua filosofia e teologia com maior rigor e competência, pois, neste trabalho, procuramos centrar-nos somente no que tange à esfera da teoria do conhecimento destes dois principais autores do período medieval.

SANTO AGOSTINHO

Santo Agostinho é uma das figuras mais interessantes de seu tempo. Africano, nascido em Tagastos – na Númibia, próximo de Cartago em 354 -, intelectual que antes de ser cristão aderiu à corrente dos maniqueístas, Santo Agostinho também tinha fortes características humanísticas. Muito jovem Aurélio Agostinho fez seus primeiros estudos na cidade onde nascera e, posteriormente, estudou em Cartago. Nesta época apaixona-se por uma mulher, tem um filho, Adeodato. Terminados os estudos, Agostinho leciona retórica e eloqüência. Também se dedica à astrologia e filosofia. Vai para Roma e, depois, para Milão onde se encontra com sua mãe, Mônica e conhece o Bispo, teólogo e orador Sato Ambrosio, de quem tem muita admiração e apreso. Descobre a superioridade das Escrituras Sagradas e, ainda não sendo católico, se afasta dos maniqueístas. Depois, Agostinho ingressa na Igreja como catecúmeno e a partir daqui vai aproximando-se cada vez mais do cristianismo. Depôs de se converter, a vida de Agostinho muda e ele passa a se dedicar integralmente a Deus e aos estudos das escrituras. A sua atividade intelectual é intensa e, este teólogo chega a ser considerado o principal representante da Patrística e um dos principais sistematizadores da teologia cristã. Agostinho morre em agosto de 430 em Hipona.A produção agostiniana foi intensa. As obras mais importantes são às referentes à dogmática e à teologia – e as que expõem seu pensamento filosófico, sobretudo nas Confissões (um livro autobiográfico), A Cidade de Deus (de caráter teológico e político). Nestas obras Santo Agostinho recolhe uma série de doutrinas helênicas, sobretudo as neoplatônicas. “Ele é bastante influenciado pelo pensamento de Platão e Aristóteles, mesmo por via indireta”[1].

Seu Pensamento e sua Teoria do Conhecimento

Santo Agostinho deixou formulado (indicando o caminho para sua solução) o problema das relações entre fé e razão, que será temática fundamental na escolástica. Ao mesmo tempo Agostinho demonstra sua vocação filosófica na medida em que, ao lado da fé, deseja ardentemente “penetrar e compreender com a razão o conteúdo da mesma”[2]. Mas Agostinho defronta-se com o problema dos céticos.O homem é o centro da filosofia agostiniana. Trata-se de indivíduo, pessoa, criatura especial de Deus. Trata-se de uma preocupação do “eu-singular”. A pessoa tem a ver com a vontade. Isso implica numa noção de liberdade – que nasce da vontade e é propriedade individual. O homem é reflexo de Deus. Os atributos de Deus são: Ser, Conhecer e Amor. O conhecer tende para a verdade. O conhecimento, neste sentido, é uma tendência para Deus, que é a verdade. Para demonstrar a existência de Deus Agostinho associa-o à verdade. A teoria platônica é, por assim dizer, muito bem aceita. No pensamento agostiniano a teoria da reminiscência platônica é substituída pela iluminação – que acontece quando concebemos que o homem é participante da Verdade Divina. Deus ilumina a vida do homem e o conhecimento se dá por iluminação porque Deus está em nós, somente o homem participa Dele. É importante considerar que Deus é entendido como a Verdade e a Perfeição do mundo. No plano do conhecimento das coisas Santo Agostinho tenta estabelecer uma relação entre fé e razão. Trata-se de solucionar o dilema de que uma se opõe à outra. Na concepção agostiniana a razão contribui para que a fé seja consistente que, como bem expressa Agostinho, “ninguém duvida que uma dupla força nos impele à busca do conhecimento: a autoridade e a razão”[3].

É verdade que há uma submissão da razão à fé, porém, devemos entender que no período medieval a tentativa era de estabelecer um corpo doutrinário à mensagem de Cristo e, torna-se evidente que a fé ocupa espaço de importância maior se comparada com a razão. De qualquer modo, em Santo Agostinho, Deus cria o mundo do nada, neste sentido, o homem depende em tudo de Deus, inclusive para conhecer. É preciso a iluminação divina para que haja conhecimento da verdade das coisas. Some-se a isso a idéia predominante na idade me dia de que as coisas, a realidade existe por si só e, cabe ao intelecto adaptar-se à verdade que já se encontra na realidade, ou na criação de Deus. Outra noção importante no pensamento agostiniano é que as ideais são pensamentos de Divinos. Deus as põe no mundo incompletas, tal como sementes prestes a germinar. No homem estão presentes as sementes de Deus. Para fundamentar seu pensamento Agostinho inspira-se profundamente na filosofia platônica que como ele próprio o diz “[...] quanto às questões que devem ser investigadas criticamente pela razão, espero encontrar entre os platônicos o que não esteja em contradição com a nossa fé”[4].

Tomás de Aquino

Tomás era filho de uma família dos condes de Aquinos. Nasceu em Roccasecca em 1225. Depois de estudar artes na universidade de Nápoles, em 1244 ingressa na ordem de São Domingos. Posteriormente torna-se um notável intelectual da igreja e, sem sobra de dúvidas, Santo Tomás foi um homem puramente espiritual, toda sua vida foi dedicada ao trabalho de filosofia e teologia – ligada à religião. Era alguém de muita afeição aos amigos. Suas obras são bastante numerosas. Ele inspira-se me Aristóteles para fundamentar o a teologia cristã. Ele adapta à filosofia aristotélica ao cristianismo. Tal adaptação está exposta na sua principal obra, a Suma Teológica – um gigantesco tratado de teologia. Tomás morre em 1274.

Pensamento e forma de Conhecimento em Santo Tomás

Podemos dizer que esta figura importantíssima para a Igreja católica é a síntese da escolástica. Ele retoma e se fundamenta em Aristóteles – do mesmo modo em que Agostinho se fundamentou em Platão. Santo Tomás deu ao pensamento aristotélico um caráter cristão, porém, as obras aristotélicas que Tomás lê são traduções Árabes (e por tanto sujeitas a influências mulçumanas). Tendo em vista que Aristóteles é um físico e, seu pensamento é, por assim dizer, materialista, o Deus apresentado por Tomás de Aquino é imanente. Sua filosofia privilegia – diferentemente de Santo Agostinho – a razão. Por isso é proposta as cinco vias, como provas da existência de Deus. Santo Tomás pensou as verdades de fé fundamentado em categorias da razão, daí podemos falar em Teodicéia[5]. Na escolástica, Santo Tomás prova que alguém que não tem fé pode, por meio de argumentos racionais, admitir a existência de um motor primeiro que se gera a si mesmo e, atua como causa única de si, além de abarcara a finalidade de tudo. A teoria do conhecimento, no tomismo, acontece como decorrência da ontologia. Segundo Santo Tomás tudo que existe é ente e, portando, Deus é um ente. Deus e o mundo são entes em modos diversos (segundo o tomismo nem todas as coisas têm essência, diferentemente do pensamento platônico), as coisas se apresentam de formas diferentes. Sendo assim, o grau de existência de Deus é diferente da do homem. Deus é o Ser e o mundo tem o Ser. Cada coisa que existe participa do Ser de modo diferente. A essência é (causa formal). Apenas em Deus potência e existência co-existem. No mundo a potência e a existência não coincidem.Como conhecer? Deus se entende por meio de seus efeitos. Em Santo Tomás Deus é o primeiro na ordem ontológica mais não o é na gnosiologia. Quando nós nascemos, conhecemos o mundo (criação) e somente depois conhecemos a Deus. Portanto, o conhecimento se dá a partir da criação de Deus ou, noutras palavras, conhecemos a realidade e depois entendemos Deus. É a partir do mundo que se pode conhecê-lo. Para Tomás, o conhecimento passa por vários graus de abstração cujo objetivo é conhecer a imaterialidade. O primeiro esforço da existência abstrativa consiste em considerar as coisas independentemente dos sentidos e da noção que tiramos dele. O segundo esforço consiste em considerar as coisas independentes das qualidades sensíveis. No terceiro esforço tem que se consideraras coisas independentes do seu valor material. Assim chega-se ao objeto metafísico, que é imaterial, espiritual.Para o pensamento tomista o conhecimento das coisas se dá por meio do uso da fé e da razão. A grande maioria dos autores escolásticos opta pela razão.Podemos dizer que há dois campos distintos do saber: a teologia se funda na revelação divina e a filosofia, por sua fez, é uma atividade da razão humana. Houve que dissesse que é o homem que faz teologia, mas, a rigor, é Deus quem se revela. A teologia e a filosofia têm que ser verdadeiras, pois, Deus é a própria verdade e, a razão humana também pode nos levar à Verdade. É importante considerar que são duas ciências independentes, mas com um campo em comum. “Sua distinção decorre, antes de tudo, do objeto formal[6]”.

Mas no que diz respeito ao objeto material, tanto filosofia quanto teologia o necessitam. Segundo Santo Tomás existem dogmas revelados que podem ser conhecidos pela razão (exemplo: a existência de Deus e de muito de seus atributos), mas a revelação não é supérflua, pois “é impossível que a verdade da fé seja contrária aos princípios que a razão humana conhece em virtude de suas forças naturais (...) Deus não pode infundir no homem opiniões que vão contra os dados do conhecimento adquiridos pela razão natural”[7]. Desta maneira, nos casos em que é possível compreender racionalmente, isto é preferível do que usar a pura crença. Contudo, para o pensamento tomista a filosofia utiliza as luzes da razão natural, ao passo que a teologia se vale das luzes da razão divina manifestada na revelação. É indispensável, pois, considerar que “há distinção, mas não oposição entre as verdades da razão e as da revelação”[8], pois a razão humana é uma expressão imperfeita da razão divina, estando-lhe subordinada. Além disso, segundo santo Tomás, “o homem deve conhecer o fim ao qual dever ordenar as suas intenções e ações. Por isso se tornou necessário, para a salvação dos homens, que lhes fossem dadas a conhecer, por revelação divina, determinadas verdades que ultrapassam a razão humana”[9].

Por fim, entendamos que, tal como aconteceu com os gregos, à origem da filosofia para santo Tomás é um grande assombro. Ele é inspirado pelo aristotelismo e, é bem notável, que a maneira como acontece sua teoria do conhecimento é, por assim dizer, aristotélica num sentido cristão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos nos debruçar por um pouco do pensamento agostiniano e tomista. Nosso compromisso em ser fiel ao conteúdo de cada autor foi, pelo menos a principio, muito propício para fazermos uma breve e sucinta descrição e problematização da questão de como se dá o conhecimento no período medieval. Como vimos, no campo da ciência os instrumentos de trabalhos eram rudimentares: para conhecer os corpos só havia os olhos; para avaliar o frio e o quente, só havia a pele. A matemática não era um recurso muito utilizado – até por que faltavam teoremas e cálculos mais confiáveis para o desenvolvimento de uma pesquisa cientifica calcada na seguridade (?) matemática (o que só viria a surgir na modernidade). Some-se a isso a influência da religião na vida das pessoas e a impossibilidades de pesquisas que fugissem ao critério de fé da Igreja. O que resume bem as Idades Médias, no que tange a esfera da teoria do conhecimento, é aquela antiga máxima: “crer para conhecer e conhecer para crer”. Mesmo em Tomás de Aquino, com o esforço de explicar de modo racional como se dava o processo de aquisição do conhecimento, ainda temos uma superposição da fé à razão. Além disso, a autoridade da igreja barrava, como dissemos, o desenvolvimento de uma ciência que ultrapassasse ou fosse além das verdades reveladas. A ciência medieval não é experimental, tão pouco se utiliza da matemática – o que ocorrerá somente na modernidade. Por isso a ciência permanece qualitativa, como na antiguidade.Com tais situações foi impossível ter uma teoria do conhecimento avançada no sentido de explicação extremamente racional acerca das verdades, porém não podemos desmerecer o período da idade média como que um momento de “trevas” ou de improdutividade intelectual. Houve um grande esforço em se falar em conhecimento. O que podemos constatar é que a limitação do conhecimento estava na maneira, e não nos objetos. Era a fé que tinha a ultima palavra. O conhecimento último ocorria a parti do momento em que se aceitava, pela fé, as verdades sugeridas pela Igreja. Não havia um esforço racional (isento da fé e da autoridade da Igreja) em fundamentar o conhecimento da realidade, das verdades e dos sujeitos.


A palavra dialética significa, originalmente, dois discursos, dois pensamentos que as vezes podem ou não divergir. Tomando como base teórica o pensamento de Hegel, filósofo Alemão do século XVIII, a dialética pode ser compreendida como o método para se alcançar a verdade como movimento interno da contradição, ou seja, de dois termos que se negam. Para esse filósofo, o estabelecimento de uma síntese da verdade se dá com um elemento positivo (tese) em confronto com seu negativo-contrário (antítese). Essa dialética faz nascer uma outra tese, sintética, que não é nem negação, nem afirmação, mas a junção de duas afirmações sintetizadas.

O conceito de dialética, porém, é utilizado por diferentes doutrinas filosóficas e, de acordo com cada uma, assume um significado distinto.

Para Platão, a dialética é sinônimo de filosofia, o método mais eficaz de aproximação entre as ideias particulares e as ideias universais ou puras. É a técnica de perguntar, responder e refutar que ele teria aprendido com Sócrates (470 a.C.-399 a.C.). Platão considera que apenas através do diálogo o filósofo deve procurar atingir o verdadeiro conhecimento, partindo do mundo sensível e chegando ao mundo das ideias. Pela decomposição e investigação racional de um conceito, chega-se a uma síntese, que também deve ser examinada, num processo infinito que busca a verdade.

Aristóteles define a dialética como a lógica do provável, do processo racional que não pode ser demonstrado. "Provável é o que parece aceitável a todos, ou à maioria, ou aos mais conhecidos e ilustres", diz o filósofo.

O alemão Immanuel Kant retoma a noção aristotélica quando define a dialética como a "lógica da aparência". Para ele, a dialética é uma ilusão, pois baseia-se em princípios que são subjetivos.

O método dialético possui várias definições, tal como a hegeliana, a marxista entre outras. Para alguns, ela consiste em um modo esquemático de explicação da realidade que se baseia em oposições e em choques entre situações diversas ou opostas. Diferentemente dométodo causal, no qual se estabelecem relações de causa e efeito entre os fatos (ex: a radiação solar provoca a evaporação da água, esta contribui para a formação de nuvens, que, por sua vez, causa as chuvas), o modo dialético busca elementos conflitantes entre dois ou mais fatos para explicar uma nova situação decorrente desse conflito.


Método dialético

Os elementos do esquema básico do método dialético são a tese, a antítese e a síntese.

A tese é uma afirmação ou situação inicialmente dada. A antítese é uma oposição à tese. Do conflito entre tese e antítese surge a síntese, que é uma situação nova que carrega dentro de si elementos resultantes desse embate. A síntese, então, torna-se uma nova tese, que contrasta com uma nova antítese gerando uma nova síntese, em um processo em cadeia infinito.

A filosofia descreve a realidade e a reflete, portanto a dialética busca, não interpretar, mas refletir acerca da realidade. Por isso, seus três momentos (tese, antítese e síntese) não são um método, mas derivam da dialética mesma, da natureza das coisas.

A dialética é a história do espírito, das contradições do pensamento que ela repassa ao ir da afirmação à negação. Em alemão aufhebensignifica supressão e ao mesmo tempo manutenção da coisa suprimida. O reprimido ou negado permanece dentro da totalidade.

Esta contradição não é apenas do pensamento, mas da realidade, já que ser e pensamento são idênticos. Esta é a proposição da dialética como método a partir de Hegel. Tudo se desenvolve pela oposição dos contrários: filosofia, arte, ciência e religião são vivos devido a esta dialética. Então, tudo está em processo de constante devir.

História da dialética

A dialética hegeliana é idealista, aborda o movimento do espírito. A dialética marxista é um método de análise da realidade, que vai do concreto ao abstrato e que oferece um papel fundamental para o processo de abstração. Engels retomou, em seu livro, "A Dialética da Natureza", alguns elementos de Hegel, concebendo a dialética como sendo formada por leis; esta tese será desenvolvida por Lênin e Stálin. Por outro lado, outros pensadores irão criticar ferrenhamente esta posição, qualificando-a de não-marxista. Assim, se instaurou umapolêmica em torno da dialética.

Até hoje não foi definido quem teria sido o fundador da dialética: alguns acreditam que tenha sido Sócrates, e outros, assim como Aristóteles, acreditam que tenha sido Zenão de Eleia. Na Grécia Antiga, a dialética era considerada a arte de argumentar no diálogo. Atualmente é considerada como o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação. Desde a Grécia Antiga, a dialética sempre encontrou quem fosse contra, como Parmênides, mesmo vivendo na mesma época do mais radical pensador dialético: Heraclito. Para compreensão do tema, o autor passa por vários itens, começando pelo trabalho.

Heraclito foi o pensador dialético mais radical da Grécia Antiga. Para ele, os seres não têm estabilidade alguma, estão em constante movimento, modificando-se. É dele a famosa frase “um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio”, porque nem o homem nem o rio serão os mesmos. No século XX, Osho Rajneesh, nascido na Índia, retoma o pensamento de Heraclito sobre a dialética com a publicação do livro "A Harmonia Oculta: Discursos sobre os fragmentos de Heraclito"..

Porém, na época, os gregos preferiram acreditar na metafísica de Parmênides, a qual pregava que a essência do ser é imutável, e as mudanças só acontecem na superfície. Esse pensamento prevaleceu, por atender aos interesses da classe dominante, na época. Para sobreviver, a dialética precisou renunciar às expressões mais radicais, conciliando-se com a metafísica.

Depois de um século, Aristóteles reintroduziu a dialética, sendo responsável, em boa parte, pela sua sobrevivência. Ele estudou muito sobre o conceito de movimento, que seriam potencialidades, atualizando-se. Graças a isso, os filósofos não deixaram de estudar o lado dinâmico e mutável do real. Com a chegada do feudalismo, a dialética perdeu forças novamente, reaparecendo, no Renascimento e no Iluminismo. A Tese, juntamente com a Antítese forma a Síntese, que volta a ser uma Tese.