sábado, 16 de fevereiro de 2008

Anaximandro de Mileto



ANAXIMANDRO DE MILETO

Anaximandro de Mileto (609/610 a.C. - c. 546 a.C.) foi um filósofo pré-Socrático. Discípulo de Tales. Geógrafo, matemático, astrônomo e político. Os relatos doxográficos nos dão conta de que escreveu um livro intitulado “Sobre a Natureza”; contudo, infelizmente, esse livro se perdeu.
Anaximandro espantava-se com as oposições que constituem o mundo: o fogo que consome o ar, mas é destruído pela água; a terra seca que luta para não ser tomada pela água nem pelo fogo; o mar que é úmido, mas que se torna ar ao evaporar e luta contra ele ao recair como chuva; a seqüência eterna das estações do ano; as diferenças entre os animais (alguns estão sempre na água, outros na terra, outros no ar); as diferenças entre os homens (alguns de cor diferente de outros, alguns calmos e serenos, outros coléricos e belicosos); as lutas entre homens e animais, entre os próprios animais e entre os próprios homens; a luta dos homens para cultivar a terra, conquistar o mar, etc.. Essas lutas, decorrentes da individuação e diferenciação dos seres, do predomínio de uma qualidade sobre as outras, ao mesmo tempo que cria o kÒsmoj, é uma injustiça que precisa ser reparada, pois a justiça é a paz e o mundo é guerra dos contrários.
Como surge o mundo? Por um movimento circular, semelhante a um turbilhão, que irrompe em diversos pontos do Apeiron. Nesse movimento, separam-se do ilimitado indeterminado as duas primeiras determinações ou qualidades: o quente e o frio dando origem ao fogo e ao ar; em seguida,
separam-se o seco e o úmido, dando origem à terra e à água. Essas determinações combinam-se ao lutar entre si e os seres vão sendo formados como resultado dessa luta, quando um dos contrários domina os outros. O devir é esse movimento ininterrupto da luta entre contrários e terminará quando forem todos reabsorvidos no Apeiron.
Atribuem-se ainda a Anaximandro duas idéias muito originais: a primeira delas, sobre a origem e formação do céu e da terra, e a segunda, sobre a existência de mundos inumeráveis. A primeira separação do quente e do frio formou um anel luminoso de chamas que cercou o ar frio, prosseguiu formando novos e menores anéis — os astros — dispondo-os para formar o zodíaco. Donde, segundo Hipólito, Anaximandro afirmar que “os corpos celestes são rodas de fogo separadas do fogo que cerca o mundo, e fechadas em círculos de ar”. Há três rodas ou três anéis: o anel do Sol, o anel da Lua e o anel das estrelas (aí compreendidos todos os astros que não o Sol e a Lua). A terra e o mar formaram-se com a separação do seco e do úmido, no interior do primeiro círculo de fogo que se destacara: o mar é o que restou do úmido sob a ação do fogo, e a terra, o que restou do seco sob a ação do fogo e do úmido.
Diferentemente de Tales e da tradição, que acreditava que a Terra estava sustentada por alguma coisa, sendo plana, Anaximandro descreve a Terra como um cilindro ou disco convexo, solto no espaço, imóvel, sem possuir um alto e um baixo. Quanto à afirmação de Anaximandro de que existem mundos inumeráveis, não se tem certeza se com isto ele afirmava que existem mundos simultâneos formados do Apeiron (que, sendo ilimitado, poderia dar origem a inumeráveis mundos) ou mundos sucessivos produzidos a cada nova separação no interior do ¥peiron, depois do fim de cada mundo
anterior.

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