domingo, 9 de março de 2008

Parmenides



PARMÊNIDES DE ELÉIA (cerca de 530-460 a.C.)
Parmênides nasceu em Eléia, hoje Vélia, na Itália. Foi discípulo do pitagórico Ameinias e mostrou conhecer a doutrina pitagórica. Provavelmente também seguiu as lições do velho Liquenófane. Em Atenas, com Zenão, combateu a filosofia dos jônicos. Floresceu por volta de 500 a.C.. Platão afirmou que Parmênides esteve em Atenas, onde se encontrou com o jovem Sócrates e que, na ocasião, tinha 65 anos. Enquanto os milésios e Heráclito escreveram em prosa, Parmênides foi o primeiro filósofo a expor suas idéias em verso. Seu famoso poema, do qual restam alguns fragmentos, está escrito em hexâmetros (influência provável de Xenófanes) e, nele, o filósofo-poeta se apresenta como o Escolhido, conduzido pelas Filhas do Sol à sua Musa, que, com a permissão da Justiça, revelalhe a Verdade e toda a Verdade. O poema é conhecido como “Sobre a Natureza” (não se tem certeza se seria o título original ou o título tardio, sempre dado às obras dos pré-socráticos). A obra se divide em duas partes, após um preâmbulo. A primeira ficou conhecida como a Via da Verdade (¢l»qeia) e a segunda como a Via da Opinião (dÒxa). Da primeira, há numerosos fragmentos, mas da segunda restam poucos. Para muitos, a obra ergue-se contra o pitagorismo (a dualidade par-ímpar como origem da ordem do mundo) e contra Heráclito (o fluxo perpétuo e a identidade do uno e do múltiplo). É sintomático que o poema fale em duas vias ou dois caminhos que correspondem à diferença entre a palavra inspirada (¢l»qeia), a verdade como não-esquecimento do que foi contemplado no invisível, e a palavra leiga das assembléias (dÒxa), a verdade como decisão e opinião compartilhada nas discussões públicas.
Ele foi estranho e enigmático para os próprios gregos contemporâneos de Parmênides. É que nas fórmulas extremamente condensadas de seus versos estão colocadas as questões fundamentais que, doravante, ocuparão a filosofia.
Que está dizendo Parmênides?
Que o ser é e o nada não é .
Que o ser pode ser pensado e dito.
Que o nada não pode ser pensado nem dito.
Que pensar e ser são o mesmo.
Que, portanto, o nada é não-ser e impensável.
Que dizer e ser são o mesmo.
Que, portanto, o nada é não-ser e indizível. Mas que significa isso que Parmênides está dizendo? E por que afirma ele que isso é o que a Deusa lhe mostra na Via da Verdade, oposta à Via da Opinião que os mortais costumam seguir? Para muitos intérpretes, Parmênides teria, pela primeira vez, formulado os dois princípios lógicos fundamentais de todo o pensamento: o princípio da identidade — o ser é o ser — e o princípio de nãocontradição — se o ser é, o seu contrário, não-ser, não é. Em outros termos, se o ser é e pode ser pensado e dito, então o ser é ele mesmo, idêntico a si mesmo e será impossível que seu negativo, o nada ou não-ser, também seja e também possa ser pensado e dito. A afirmação do ser exige a negação de seu oposto, o não-ser. Parmênides teria descoberto a lei fundamental do pensamento verdadeiro, pela qual é impossível afirmar ao mesmo
tempo uma coisa e seu contrário. Ora, é próprio da dÒxa permitir e estimular o confronto de idéias contrárias, aceitando igualmente a validade de ambas. Se assim é, então a Via da Opinião é aquela que não respeita a identidade e a não-contradição, e por isso é a via do falso. Para outros intérpretes, porém, o mais importante na formulação parmenidiana não é seu aspecto lógico (este aspecto seria apenas um derivado ou um efeito) e sim seu aspecto ontológico. Ou melhor, com Parmênides teria nascido o que conhecemos como ontologia. Por que ontologia? No grego, o particípio presente do verbo ser é (masculino, feminino e neutro) e, no dialeto jônico, empregado por Parmênides, esse particípio é Ÿwn, Ÿousa, ™Õn. Esse particípio pode ser usado como substantivo singular e plural, no masculino, no feminino e no neutro. Os usos substantivados mais freqüentes eram:
no masculino singular, o que é ou aquele que é e, no masculino plural,os viventes, os que vivem;
2) no neutro singular, tÒ Ôn (™Õn), o ente, o ser; no neutro plural, as coisas existentes. Usando-se a partícula negativa m», pode-se dizer: o não-ente, o não-ser; e no plural , os não-entes, as não-coisas, os não-seres. Ontologia é, portanto, o estudo do ser ou o pensamento do ser. Essas palavras encontram-se em todo o poema de Parmênides e nos trechos que foram estudados, e é por isso que muitos intérpretes consideram que a ontologia nasce quando Parmênides afirma que a ¢rc» é o ser ou o que é, o ente — e que o não-ser, o não-ente — não é . E convém observar a radicalidade de Parmênides: ele não considera que podemos pensar e dizer o que existe e não podemos pensar e dizer o que não existe, e sim que o que é pensável e dizível existe, e que o que não é pensável nem dizível não existe. Pela primeira vez é afirmada a identidade entre ser, pensar e dizer, ou entre mundo, pensamento e linguagem. Tal identidade é o núcleo da ontologia parmenidiana ou a Via da Verdade. Por que a opinião (dÒxa) é o caminho do não ser? A que se refere a opinião? Ao que parece ser de um certo modo, mas nada impede que pudesse ser de outro para uma outra pessoa, ou em outro momento de nossa vida. Nela exprimimos nossas preferências, nossos sentimentos e interesses, que variam de pessoa para pessoa e variam numa mesma pessoa, dependendo das circunstâncias. A “Opinião” são opiniões instáveis, mutáveis, efêmeras e por isso no fragmento 1, 53 do poema de Parmênides diz: “as opiniões dos mortais, em que não há verdadeira fidelidade”, isto é, em que não podemos confiar nem nos fiar, pois mudam sempre. Referindo-se ao que nos parece ser “assim” mas poderia ser de outra maneira, a dÒxa depende das variações de estados de nossos corpos e das situações de nossas vidas.
Porém, não só isso. Sua variação contínua indica que nela não temos conhecimento verdadeiro daquilo que é, do ser, mas apenas o conhecimento das aparências das coisas, isto é, de como elas aparecem aos nossos órgãos dos sentidos. Ora, o que é uma aparência? Aquilo que pode deixar de aparecer como está aparecendo, aquilo que poderia não ser tal como aparece. Em outras palavras, se a aparência é o que alguma coisa nos parece ser, mas pode não ser tal como aparece, então ela é o não-ente, o não ser. Se o ser é o que permanece sempre idêntico a si mesmo, onde melhor se mostra a aparência enquanto aparência? Na mudança contínua. No deixar de ser uma maneira para tornar-se de outra. Numa palavra, no devir, no incessante vir a ser em que as coisas se tornam outras, tornando-se o que não são. O devir é movimento, mudança qualitativa, quantitativa e local. Por isso o movimento é o campo principal da aparência e da opinião: as coisas parecem mudar e as opiniões mudam com elas. O devir é aparência mutável, é o não-ser.

domingo, 2 de março de 2008

Sócrates



Sócrates
“ Vida e Morte Pela Filosofia ”
Nascido em Atenas no final do ano 470 ac ou inicio do ano 469 ac, era filho de um escultor e de uma parteira, Sócrates serviu em várias guerras chegando a se destacar em algumas batalhas. Mas ficou conhecido mesmo pela Filosofia. Desde cedo ele percorria as ruas da capital grega, perguntando as pessoas, jovens ou velhas, o que eram os valores em que elas acreditavam: O que Coragem?, O que é Justiça?, O que é Amizade? Se respondiam que eram virtudes, Sócrates retrucava: O que é virtude? E assim sucessivamente, a cada resposta, ele formulava uma nova pergunta. No final do diálogo, o filósofo sempre provava que as pessoas não sabiam sobre o que estavam falando.
A figura Sócrates: foi uma autoridade intelectual sem precedentes no seu tempo, continua ainda hoje sendo complexa e ambígua, isso por quê, não deixou nada escrito, tudo que se sabe foi descrito por seus discípulos, entre eles o mais famoso foi Platão.
A Maiêutica Socrática
O que Sócrates fazia pelas ruas de Atenas, era uma especie de investigação, ele buscava o significado das palavras, como também, fazer as pessoas pensarem sobre elas. Com o objetivo de trazer novas idéias á tona, Sócrates criou um método próprio que ele chamou de maiêutica, que significa parto de idéias ( homenagem a sua mãe que era parteira). Na maiêutica o filósofo incentivava seus alunos a dar à luz a novas idéias, interrogando - os sem parar num jogo incessante. Fazia surgir a verdade.
De fato o único objetivo de Sócrates e da Filosofia era faze o Homem pensar, pois os pensamentos eram como um balsamo, um remédio capaz de curar as feridas da ignorância, a grande culpada pelos grandes males sofridos pelo homem.
A Dialética Socrática
Interlocutor- busca a verdade- finge que não sabe;
Refutação – admite que não sabe
Maiêutica- parí as idéias


A Ética Socrática


Virtude é conhecimento
A ética de Socrares era baseada nas virtudes, era na verdade uma retomada da ética grega. Para Sócrates a virtude não pode ser ensinada, ela é inata, ou seja, acompanha o homem desde seu nascimento até sua morte.
Sendo a virtude um conhecimento inato, então Sócrates afirmava que ninguém peca voluntariamente, pois se age mal é por ignorância do bem, então não há responsabilidade moral nesse ato e portanto não é passível de punição
Segundo Sócrates o único saber fundamental deve ser “Conhece-te a ti mesmo”1 frase essa que para o Filósofo significava, que o conhecimento não é um estado, mas um processo, na qual o homem deve se empenhar, a fim de crescer espiritualmente. E somente seria possível esse processo se o Homem primeiro negasse tudo o seu próprio conhecimento, daí a famosa frase dita pelo Filósofo: “ Só sei, que nada sei ”.2
Após o encontro com o oráculo, Sócrates abraçou a Filosofia como uma missão de vida: a busca incessante pela sabedoria e da verdade, com isso se tornou um modelo moral. Pois morreu defendendo suas idéias. Pois os ensinamentos de Sócrates irritava muitos grupos da sociedade grega da época, pois com seu método questionador, usando a razão e o pensamento lógico, ele conduzia as pessoas à construções de problemas que antes não existia.
Sócrates foi o primeiro a questionar as ações humanas e os valores subjacentes a ela, As questões socráticas inauguram a ética ou filosofia moral, porque definem o campo no qual valores e obrigações morais podem ser estabelecidos, ao encontrar seu ponto de partida: a consciência do agente moral . É sujeito ético moral somente aquele que sabe o que faz, conhece as causas e os fins de sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores morais. Sócrates afirma que apenas o ignorante é vicioso ou incapaz de virtude, pois quem sabe o que é o bem não poderá deixar de agir virtuosamente.
Sócrates perguntava: Que razões rigorosas você possui para dizer o que diz e para pensar o que pensa? Qual é o fundamento racional daquilo que você fala e pensa? Ora, as perguntas de Sócrates se referiam a idéias, valores, práticas e comportamentos que os atenienses julgavam certos e verdadeiros em si mesmos e por si mesmos. Ao fazer suas perguntas e suscitar dúvidas, Sócrates os fazia pensar não só sobre si mesmos, mas também sobre a polis. Aquilo que parecia evidente acabava sendo percebido como duvidoso e incerto.
Sabemos que os poderosos têm medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que elas são. Para os poderosos de Atenas, Sócrates tornara-se um perigo, pois fazia a juventude pensar. Por isso, eles o acusaram de desrespeitar os deuses, corromper os jovens e violar as leis. Levado perante a assembléia, Sócrates não se defendeu e foi condenado a tomar um veneno - a cicuta - e obrigado a suicidar-se.
Por que Sócrates não se defendeu? “Porque ”, dizia ele, “se eu me defender, estarei aceitando as acusações, e eu não as aceito. Se eu me defender, o que os juízes vão exigir de mim? Que eu pare de filosofar. Mas eu prefiro a morte a ter que renunciar à Filosofia”.
1Inscrição que o filosofo se deparou no pórtico do templo do Deus Apolo, ao procurar pelo Oráculo de Delfos, em busca do verdadeiro conhecimento.
2O Oráculo de Delfos aclamava á todos os cidadão que lhe procuravam que: “Sócrates era Sábio, pois sabia, que nada sabia”.

Platão





Platão
Sócrates nunca escreveu. O que sabemos de seus pensamentos encontra-se nas obras de seus vários discípulos, e Platão foi o mais importante deles. Se reunirmos o que esse filósofo escreveu sobre os sofistas e sobre Sócrates, além da exposição de suas próprias idéias, poderemos apresentar como características gerais do período socrático.
A Filosofia se volta para as questões humanas no plano da ação, dos comportamentos, das idéias, das crenças, dos valores e, portanto, se preocupa com as questões morais e políticas. O ponto de partida da Filosofia é a confiança no pensamento ou no homem como um ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e, portanto, capaz de reflexão. Reflexão é a volta que o pensamento faz sobre si mesmo para conhecer-se; é a consciência conhecendo-se a si mesma como capacidade para conhecer as coisas, alcançando o conceito ou a essência delas.
Nascido em 476 a.c, Platão pertencia a uma tradicional família de Atenas, recebeu a educação clássica dos jovens nobres da época. Ida ao ginásio com vista a formação de guerreiro, musica e poesia. Ao mesmo tempo destinado a participar da vida politica, frequentou os sofistas para aprender a retórica.
Aos 20 anos levados por amigos, começou a frequentar o circulo de Sócrates, tornando-se seu mais importante discípulo. No livro a Apologia fax a defesa de Sócrates e a refutação das acusações que caíram sobre seu mestre.
Com á morte de Sócrates, ele decidiu viajar e depois de 12 anos perambulando por aí voltou a Atenas, já com 40 anos e fundou a Academia, uma escola para Filósofos. A Academia tinha um objetivo, á investigação científica e Filosófica e sua fundação é um marco na história do pensamento ocidental.
Um dos livros mais importante de Platão é a Republica, no qual Platão discorre sobre a justiça na ética e na política, é nele também que o filosofo narra o mito da caverna, uma de suas alegorias mais famosas.
O mito da caverna
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda luminosidade possível é a que
reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los. Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade.
O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo.
O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das idéias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética. O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembléia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro.
O Mundo das Idéias
Então para Platão a tarefa da Filosofia era libertar o Homem da escuridão da caverna, do mundo das aparências e leva-lo para o mundo real, que é o mundo das essências. A teoria da idéias é parte central do pensamento platônico, segundo ela existe uma esfera superior ao mundo físico, onde estão as idéias puras. É o mundo inteligível e espiritual que é causa primaria de tudo, as idéias seriam incorpóreas e invisíveis, eternas, perfeitas e imutáveis e os Homens, assim como todos os objetos que conhecemos são mera cópias, imperfeitas e incompletas dos objetos existente no mundo das idéias.
Imortalidade da Alma
Segundo Platão a alma se divide em três: desejo, emoção e conhecimento, e a razão é personificada pelo conhecimento que deve comandar as outras duas. O desejo é controlado pelo coração, enquanto o conhecimento é controlado pela razão. Também afirma que o corpo é o carcere da alma.

Aristóteles






Aristóteles
Passados quase quatro séculos de Filosofia, Aristóteles apresenta, nesse período, uma verdadeira enciclopédia de todo o saber que foi produzido e acumulado pelos gregos em todos os ramos do pensamento e da prática considerando essa totalidade de saberes como sendo a Filosofia. Esta, portanto, não é um saber específico sobre algum assunto, mas uma forma de conhecer todas as coisas, possuindo procedimentos diferentes para cada campo de coisas que conhece.
Além de a Filosofia ser o conhecimento da totalidade dos conhecimentos e práticas humanas, ela também estabelece uma diferença entre esses conhecimentos, distribuindo-os numa escala que vai dos mais simples e inferiores aos mais complexos e superiores. Essa classificação e distribuição dos conhecimentos fixou, para o pensamento ocidental, os campos de investigação da Filosofia como totalidade do saber humano. Cada saber, no campo que lhe é próprio, possui seu objeto específico, procedimentos específicos para sua aquisição e exposição, formas próprias de demonstração e prova. Cada campo do conhecimento é uma ciência (ciência, em grego, é episteme). Aristóteles afirma que, antes de um conhecimento constituir seu objeto e seu campo próprios, seus procedimentos próprios de aquisição e exposição, de demonstração e de prova, deve, primeiro, conhecer as leis gerais que governam o pensamento, independentemente do conteúdo que possa vir a ter. O estudo das formas gerais do pensamento, sem preocupação com seu conteúdo, chama-se lógica, e Aristóteles foi o criador da lógica como instrumento do conhecimento em qualquer campo do saber.
A lógica não é uma ciência, mas o instrumento para a ciência e, por isso, na classificação das ciências feita por Aristóteles, a lógica não aparece, embora ela seja indispensável para a Filosofia e, mais tarde, tenha se tornado um dos ramos específicos dela.
Os campos do conhecimento filosófico Vejamos, pois, a classificação aristotélica:
Ciências produtivas: ciências que estudam as práticas produtivas ou as técnicas, isto é, as ações humanas cuja finalidade está para além da própria ação, pois a finalidade é a produção de um objeto, de uma obra. São elas: arquitetura (cujo fim é a edificação de alguma coisa), economia (cujo fim é a produção agrícola, o artesanato e o comércio, isto é, produtos para a sobrevivência e para o acúmulo de riquezas), medicina (cujo fim é produzir a saúde ou a cura), pintura, escultura, poesia, teatro, oratória, arte da guerra, da caça, da navegação, etc. Em suma, todas as atividades humanas técnicas e artísticas que resultam num produto ou numa obra.
Ciências práticas: ciências que estudam as práticas humanas enquanto ações que têm nelas mesmas seu próprio fim, isto é, a finalidade da ação se realiza nela mesma, é o próprio ato realizado. São elas: ética, em que a ação é realizada pela vontade guiada pela razão para alcançar o bem do indivíduo, sendo este bem as virtudes morais (coragem, generosidade, fidelidade, lealdade, clemência, prudência, amizade, justiça, modéstia, honradez, temperança, etc.); e política, em que a ação é realizada pela vontade guiada pela razão para ter como fim o bem da comunidade ou o bem comum.
Para Aristóteles, como para todo grego da época clássica, a política é superior à ética, pois a verdadeira liberdade, sem a qual não pode haver vida virtuosa, só é conseguida na polis. Por isso, a finalidade da política é a vida justa, a vida boa e bela, a vida livre.
Ciências teoréticas, contemplativas ou teóricas: são aquelas que estudam coisas que existem independentemente dos homens e de suas ações e que, não tendo sido feitas pelos homens, só podem ser contempladas por eles. Theoria, em grego, significa contemplação da verdade. O que são as coisas que existem por si mesmas e em si mesmas, independentes de nossa ação fabricadora (técnica) e de nossa ação moral e política? São as coisas da Natureza e as coisas divinas. Aristóteles, aqui, classifica também por graus de superioridade as ciências teóricas, indo da mais inferior à superior:
1. ciência das coisas naturais submetidas à mudança ou ao devir: física, biologia, meteorologia, psicologia (pois a alma, que em grego se diz psychê, é um ser natural, existindo de formas variadas em todos os seres vivos, plantas, animais e homens);
2. ciência das coisas naturais que não estão submetidas à mudança ou ao devir: as matemáticas e a astronomia (os gregos julgavam que os astros eram eternos e imutáveis);
3. ciência da realidade pura, que não é nem natural mutável, nem natural imutável, nem resultado da ação humana, nem resultado da fabricação humana. Trata-se daquilo que deve haver em toda e qualquer realidade, seja ela natural, matemática, ética, política ou técnica, para ser realidade. É o que Aristóteles chama de ser ou substância de tudo o que existe. A ciência teórica que estuda o puro ser chama-se metafísica;
4. ciência teórica das coisas divinas que são a causa e a finalidade de tudo o que existe na Natureza e no homem. Vimos que as coisas divinas são chamadas de theion e, por isso, esta última ciência chama-se teologia. A Filosofia, para Aristóteles, encontra seu ponto mais alto na metafísica e na teologia, de onde derivam todos os outros conhecimentos.
A partir da classificação aristotélica, definiu-se, no correr dos séculos, o grande campo da investigação filosófica, campo que só seria desfeito no século XIX da nossa era, quando as ciências particulares se foram separando do tronco geral da Filosofia. Assim, podemos dizer que os campos da investigação filosófica são três:
. O do conhecimento da realidade última de todos os seres, ou da essência de toda a realidade. Como, em grego, ser se diz on e os seres se diz ta onta, este campo é chamado de ontologia (que, na linguagem de Aristóteles, se formava com a metafísica e a teologia).
2º. O do conhecimento das ações humanas ou dos valores e das finalidades da ação humana: das ações que têm em si mesmas sua finalidade, a ética e a política, ou a vida moral (valores morais) e a vida política (valores políticos); e das ações que têm sua finalidade num produto ou numa obra: as técnicas e as artes e seus valores (utilidade, beleza, etc.).
3º. O do conhecimento da capacidade humana de conhecer, isto é, o conhecimento do próprio pensamento em exercício. Aqui, distinguem-se: a lógica, que oferece as leis gerais do pensamento; a teoria do conhecimento, que oferece os procedimentos pelos quais conhecemos; as ciências propriamente ditas e o conhecimento do conhecimento científico, isto é, a epistemologia. Ser ou realidade, prática ou ação segundo valores, conhecimento do pensamento em suas leis gerais e em suas leis específicas em cada ciência: eis os campos da atividade ou investigação filosófica.

Definição e Origem da Filosofia

CONDIÇÕES HISTÓRICAS PARA O SURGIMENTO DA FILOSOFIA
O que tornou possível o surgimento da filosofia aos arredores da Grécia no final do século VII e no início do século VI antes de Cristo? Quais as condições materiais, isto é, econômicas, sociais, políticas e históricas que permitiram o surgimento da filosofia? Podemos apontar como principais condições históricas:
AS VIAGENS MARÍTIMAS, que permitiram aos povos descobrir que os locais que os mitos diziam habitados por deuses, titãs e heróis eram, na verdade, habitados por outros seres humanos; e que as regiões dos mares que os mitos diziam habitadas por monstros e seres fabulosos não possuíam nem monstros nem seres fabulosos. As viagens produziram o desencantamento ou a desmitificação do mundo, que passou, assim, a exigir uma explicação sobre a origem, explicação que o mito já não podia oferecer;
A INVENÇÃO DO CALENDÁRIO, que é uma forma de calcular o tempo segundo as estações do ano, as horas do dia, os fatos importantes que se repetem, revelando, com isso, uma capacidade de abstração nova, ou uma percepção do tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível;
A INVENÇÃO DA MOEDA, que permitiu uma forma de troca que não se realiza através das coisas concretas ou dos objetos concretos trocados por semelhança, mas uma troca abstrata, uma troca feita pelo cálculo do valor semelhante das coisas diferentes, revelando, portanto, uma nova capacidade de abstração e de generalização;
O SURGIMENTO DA VIDA URBANA, com predomínio do comércio e do artesanato, dando desenvolvimento a técnicas de fabricação e de troca, e diminuindo o prestígio das famílias da aristocracia proprietária de terras, por quem e para quem os mitos foram criados; além disso, o surgimento de uma classe de comerciantes ricos, que precisava encontrar pontos de poder e de prestígio para suplantar o velho poderio da aristocracia de terras e de sangue (as linhagens constituídas pelas famílias), fez com que se procurasse o prestígio pelo patrocínio e estímulo às artes, às técnicas e aos conhecimentos, favorecendo um ambiente onde a filosofia poderia surgir;
A INVENÇÃO DA ESCRITA ALFABÉTICA, que, como a do calendário e a da moeda, revela o crescimento da capacidade de abstração e de generalização, uma vez que a escrita alfabética ou fonética, diferentemente de outras escritas — como, por exemplo, os hieróglifos dos egípcios ou os ideogramas dos chineses — supõe que não se represente uma imagem da coisa que está sendo dita, mas a idéia dela, o que dela se pensa e se transcreve;
A INVENÇÃO DA POLÍTICA, que introduz três aspectos novos e decisivos para o nascimentos da filosofia:
1. A idéia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que
é melhor para si e como ela definirá suas relações internas. O aspecto legislado e regulado da cidade —servirá de modelo para a filosofia propor o aspecto legislado, regulado e ordenado do mundo como mundo racional;
2. O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou de discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Neste, o poeta-vidente, que recebia das deusas ligadas à memória,uma iluminação misteriosa ou uma revelação sobrenatural, dizia aos homens quais eram as decisões dos deuses a que eles deveriam obedecer. a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, de tal modo que surge o discurso político como a palavra humana compartilhada, como diálogo, discussão e deliberação humana, isto é, como decisão racional e exposição dos motivos ou das razões para fazer ou não fazer alguma coisa. A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional, valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica.
3. A política estimula um pensamento e um discurso que não procuram ser formulados por seitas secretas
dos iniciados em mistérios sagrados, mas que procuram, ao contrário, ser públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A idéia de um pensamento que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental para a filoso



Algumas Definições do que é Filosofia segundo alguns Filósofos
Platão (428-347 a.C.) definia a filosofia como um saber verdadeiro que deve ser usado em
benefício dos seres humanos.

René Descartes (1596-1650) dizia que a filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conservação da
saúde e a invenção das técnicas e das artes.

Espinosa (1632-1677) afirmou que a filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade.
Imanuel Kant (1724-1804) afirmou que a filosofia é o conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode conhecer e o que pode fazer, tendo como finalidade a felicidade humana.
Karl Marx (1818-1883) declarou que a filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para transformá-lo, transformação que traria justiça, abundância e felicidade para todos.
Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) escreveu que a filosofia é um despertar para ver e
mudar nosso mundo.


O que é Filosofia?
Muitas pessoas se perguntam o que é Filosofia? Ela não é uma ciência como podem pesar alguns estudiosos, mas ela origina todas as Ciências. Não é a toa que os primeiros filósofos eram grandes cientistas. A Filosofia diferencia-se das ciências por causa do seu método, a ciência depende da experiência sensível para estabelecer suas verdades absolutas, enquanto á Filosofia depende somente da razão Humana, da capacidade de pensar, que os Homens foram desenvolvendo ao longo dos séculos.


A origem da Filosofia

A palavra filosofia é grega. É composta por duas outras: philo e sophia. Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. Filósofo: o que ama a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber. Assim, filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita. Atribui-se ao filósofo grego Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a invenção da palavra filosofia. Pitágoras teria afirmado que a sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas que os homens podem desejá-la ou amá-la, tornando-se filósofos.

O surgimento da Filosofia
À Filosofia surgiu na grecia antiga mais precisamente em Mileto uma de suas ilhas, costuma-se afirmar isso devido ao fato, de que fora os gregos que a teorizaram. A Filosofia, entendida como aspiração ao conhecimento racional, lógico e sistemático da realidade natural e humana, da origem e causas do mundo e de suas transformações, da origem e causas das ações humanas e do próprio pensamento, é um fato tipicamente grego.
Evidentemente, isso não quer dizer, de modo algum, que outros povos, tão antigos quanto os gregos, como os chineses, os hindus, os japoneses, os árabes, os persas, os hebreus, os africanos ou os índios da América não possuam sabedoria, pois possuíam e possuem. Também não quer dizer que todos esses povos não tivessem desenvolvido o pensamento e formas de conhecimento da Natureza e dos seres humanos, pois desenvolveram e desenvolvem. Quando se diz que a Filosofia é um fato grego, o que se quer dizer é que ela possui certas características, apresenta certas formas de pensar e de exprimir os pensamentos, estabelece certas concepções sobre o que sejam a realidade, o pensamento, a ação, as técnicas, que são completamente diferentes das características desenvolvidas por outros povos e outras culturas.
A Filosofia surge, portanto, quando alguns gregos, admirados e espantados com a realidade, insatisfeitos com as explicações que a tradição lhes dera, começaram a fazer perguntas e buscar respostas para elas, demonstrando que o mundo e os seres humanos, os acontecimentos e as coisas da Natureza, os acontecimentos e as ações humanas podem ser conhecidos pela razão humana, e que a própria razão é capaz de conhecer-se a si mesma.
Em suma, a Filosofia surge quando se descobriu que a verdade do mundo e dos humanos não era algo secreto e misterioso, que precisasse ser revelado por divindades a alguns escolhidos, mas que, ao contrário, podia ser conhecida por todos, através da razão, que é a mesma em todos; quando se descobriu que tal conhecimento depende do uso correto da razão ou do pensamento e que, além da verdade poder ser conhecida por todos, podia, pelo mesmo motivo, ser ensinada ou transmitida a todos.