domingo, 26 de outubro de 2008

A Metafisica de Aristóteles


Problemas Metafísicos
(Resumos)
Prof. João Hobuss
Aristóteles – Metafísica

- É difícil especificar do que trata. A princípio apresenta quatro objetos de estudo:
1. Livro A (alpha) I – Estuda, investiga os primeiros princípios e as primeiras causas. Aitiologia – aitio (causas) causa material, causa formal, causa eficiente e causa formal.
- PNC – princípio de não contradição. Ex: propriedades essenciais como o homem é um animal bípede.
- PTE – princípio do terceiro excluído. Pode dizer sobre algo (X) é V ou F uma terceira possibilidade está excluída.
2. Livro (gama) IV – Estará preocupado com o estudo do ser enquanto ser. Ser qua ser, na medida em que é ser. Essência, devo perguntar qual a essência que faz do ser um ser. Ontologia – onto (ser).
3. Livro (zeta) VII – Estudo da substância (ousia), Metafísica e Ousiologia.
4. Livro (lambda) XII – Investiga o primeiro motor imóvel – Deus. A metafísica aqui é uma teologia.
O grande problema – buscar a unidade do ponto de vista da obra, no sentido de estabelecer um todo coerente. (G.E.L. Owen – Focal Meaning).
Aitiologia – A filosofia é a ciência de certas causas e de certos princípios (982ª,ss).
Ontologia – Há uma ciência (disciplina) que estuda “o ser enquanto ser” e os atributos que lhe pertencem em função de sua própria natureza. (1003ª21,ss).
Ousiologia – Livros VII (Z) e VIII (H). tem por objetivo a substância.
Teologia – A ciência primeira versa sobre os entes separados e imóveis (...). Por conseguinte, haverá três filosofias especulativas. A matemática, a física e a teologia (...), e é preciso que a mais valiosa se ocupe do gênero mais valioso. Assim, pois, as especulativas são mais nobres que as outras ciências, e esta (a teologia), mais nobre que as (outras) especulativas. (1026ª16,ss).
Para o estudo e compreensão da obra “Metafísica” de Aristóteles, é necessário e fundamental que se conheça outra obra chamada “Organon”, onde trata da Lógica.
O livro I trata das categorias (ta onta), investigação sobre as coisas que são (os seres, os entes).
As Categorias
Substância – ser primeiro (homem, cavalo).
Qualidade – preto, branco, professor.
Quantidade – 2kg, 2Mt. 2km.
Relação – o dobro, a metade.
Lugar – na universidade.
Tempo – há dois meses, há dois anos.
Posição – de pé, sentado.
Ter – ter dois livros.
Agir – cortar.
Ser afetado – ser cortado.
A substância tem posição privilegiada no que se refere (concerne) as outras categorias, tem uma prioridade em relação às outras categorias. Esta prioridade é Ontológica, Epistemológica e Lógica.
Todas as outras categorias dependem da substâncias. Ex: a qualidade é uma qualidade de uma substância. Não posso atribuir uma qualidade a algo que não seja uma substância. A qualidade deve a sua existência a substância.
Cada uma delas existe “num sujeito”, não podem existir separadamente. Ex: Branco (não tem sentido sozinho). Só tem sentido se X realmente for branco.
Temos então duas relações:
Relação entre as categorias (existir, estar num sujeito).
Uma relação entre itens no interior de uma mesma categoria (ser dito de um sujeito).
Vai de algo mais geral a algo menos geral no interior de uma categoria:
- Homem “é dito” de um homem particular. (ex: Manoel é homem).
- Animal “é dito” de homem. (ex: Homem é um animal).
- Animal “é dito” de um homem particular. (ex: Manoel é um animal).
Relação de Transitividade
- Gênero (animal) “é dito” da espécie “Homem”. Funciona da mesma forma nas categorias “não substanciais”.
- Na qualidade (categoria) – Gênero (cor) é dito da...
- Espécie (branco)
- Contraste – Num sujeito, com dito de um sujeito.
A – Relação – Predicado essencial
Predicado acidental
B – Relação - Universal é dito de muitas coisas.
Particular somente refere-se a uma.
Embora não apareçam nas categorias uma hierarquia entre universal e particular.
- Substância - Animal
Homem Cavalo
Este Homem Este Cavalo
Indivíduos
Papel central no esquema
Substância Primeira – os indivíduos são as substâncias primeiras, sem estes nada existiria. São elas as entidades básicas, são as coisas que são.
.................é homem . Não há sujeito, portanto, nada existe. O predicado dito de nada, não tem sentido.
Tudo que não é substância primeira, está no sujeito ou é dito dele (de um sujeito). As substâncias segundas: ex: Um gênero (animal) é dito de uma espécie (homem). Gênero e Espécie são substâncias segundas. Categoria da substância: tudo que não é substância primeira é dito desta.
Se não houvessem substâncias primeiras, não existiriam substâncias segundas.
Ocorre também nas outras categorias.
Ex: O universal numa categoria não substancial. Por exemplo a Cor na Qualidade, é de um corpo.
Metafísica – ta meta ta phusika – obra das mais tardias de Aristóteles, não foi escrita de uma única vez. Possui 14 livros, não são obras acabadas, somente se constituem como obra após a morte de Aristóteles, editadas por Andrônico de Rhodes no século I a.c.
Metafísica é o estudo de todas as coisas apenas na medida em que estas coisas são: “Seres”, enquanto são!!! O estudo da metafísica vem naturalmente após o estudo do movimento das coisas materiais, por isso é coerente com a intensão de Aristóteles (me phusika). Isto tem a ver com a percepção e a experiência, também caracterizando a física.
- O que os 14 livros da metafísica têm em comum? O que justifica a obra em sua completude? Qual é a pertinência em serem colocados todos em uma única obra?
- O ponto central da metafísica, garante a unidade da investigação. Investigação de todas as coisas na medida em que são seres. Seres: são as coisas que são, são as coisas que existem. Era chamada (a metafísica) por Aristóteles de a “filosofia primeira” (protê philosophia). Ciência primeira (protê epistêmê). Diz respeito a sabedoria – Sophia.
- A metafísica diz respeito a questão “o que é o ser?”
- Dois modos:
1 – ela levanta a questão, faz uma longa pesquisa em busca de uma resposta, e eventualmente oferece uma resposta.
2 – ela reflete sobre a questão em si mesma, busca saber se é possível uma resposta a tal questão.
- Busca saber como a metafísica é possível. Não é saber sobre o substantivo ou sobre o verbo “ser”, mas é como perguntar para algo “o que é, para alguma coisa “ser”?”. O que é o ser? O que é para algo ser? Preocupa-se com os seres, coisas que são (ta onta). Nós perguntamos para alguma coisa, o que é para ela ser.
- Seres são familiares para nós, portanto levantamos a questão, o que é para algo ser? São presentes em nós e aparentes para nós. São pré-filosóficos, a partir de nossa experiência originária.
- Seres nos rodeiam e constituem o mundo (são familiares para nós). O que é, para algo, ser? Seres são: humanos, plantas, animais, o sol, a lua e as plantas (movimento, tempo e espaço). Universo inteiro é constituído de seres.
- Quando perguntamos o que é para algo, ser, podemos inclusive perguntar do que não são diretamente para nós. Coisas que não são familiares. Esta pergunta tem de ser entendida de modo particular. Não é perguntar “o que há”? (que seria meramente descritivo).
- Busca uma explanação de porque alguma coisa é, e sua causa, de porque a coisa é. É uma pergunta sobre a essência do ser. Exposição sobre a essência do ser. (ponto central). Diz ai que a metafísica é a disciplina que vai investigar o - ser qua ser - “ser enquanto ser”. É o estudo do ser enquanto ser, na medida em que é coisa que é, é estudar sobre a essência de algo, ao ser.
“A metafísica não é tanto a pesquisa por uma descrição completa e geral do que há, é sobretudo a investigação por uma explanação do porque alguma coisa que é, é. Ou em virtude do que alguma coisa que é, é.
A metafísica I – 2 – Busca as primeiras causas e os primeiros princípios. Ciência primeira tentativa de responder estas questões, objeto da metafísica, obra da ciência geral.
Investigação pelas causas, pelo conhecimento sensível. Queremos saber o porque as coisas são. Metafísica pressupõe um conhecimento científico, pelas causas sabemos o porque das coisas (a sua existência) de todas as coisas.
A metafísica é a principal disciplina – central e fundamental. É investigação das primeiras causas (prôtai aitia), primeiros princípios (prôtai arché) investigação sobre todas as coisas. Busca as causas de todas as coisas. Pergunta “o que é para alguma coisa, ser?”.
Associação entre uma investigação sobre a resposta, investigação baseada no conhecimento científico.
Busca desvelar o que as coisas são. A investigação do porque as coisas são. Há que se diferenciar as questões para não confundí-las:
A- Porque são os seres (ta onta) coisas que são F ?
B- Porque há seres, coisas que são F.F ?
- Metafísica, o que é para algo, ser? Relaciona-se com a B, pois busca expressar o que F é.
O que é ser? Não é uma investigação Aristotélica, o próprio autor revela que é uma questão tão velha quanto as árvores. “De fato, aquilo o qual é sempre, agora e longo tempo atrás, procurando, e a qual é sempre uma fonte de perplexidade é a questão “o que é o ser?” (VII A 1028b 2-4). Tales, Anaximandro, Empédocles, Anaxágoras, Pitágoras e Platão.
Porque Aristóteles pensa, que possamos perguntar: “o que é o ser?”. Por que somos humanos, desejamos conhecer (percepção=aesthesis). Possuir um conhecimento das causas é possuir um conhecimento científico, é chegar a essência do que algo é. É o conhecimento da essência do ser.
Responder: “o que é o ser?” é uma aporia, questão que nos deixa perplexos, nos coloca um problema. De onde surge? Do conhecimento ordinário. Pensamos e dizemos o que algo é, ou que ele não é. Pré-filosófico – conhecimento filosófico leva a considerações universais, se as coisas são Materiais ou imatérias.
Concepções Modernas
- Se a metafísica é possível, esta baseada em algo exterior. Lógico. Epistemológico. Aqui a fonte da metafísica está além da própria meta física.
Concepção Aristotélica
- A fonte da metafísica, ou de sua impossibilidade, está na própria metafísica. Questão fundamental: “O que é, para algo, ser?”. Está enraizada em certas aporias centrais.
Três Aporias Centrais
uma forma de aporia é associada com a questão de como coisas podem ter propriedades e em geral, como algumas coisas podem ser verdades de alguma coisa.
Uma forma adicional de aporia metafísica, é associada com a questão de como as coisas podem ser inteligíveis e sujeitas de explanação.
Uma outra forma de aporia é associada a questão de como as coisas podem mudar de tal modo que podem estar sujeitas a explanação.(causas)
Física- (Hilemorfismo) traz um problema para teoria aristotélica de substancia. Falta (o composto) , saber se há um prosseguimento da teoria substancial nas categorias.
Ousia- Ou é Matéria ou é Forma.
Substancias primeiras- sujeitos/ indivíduos : são compostos de matéria e forma.
Nas categorias são chamadas de entidades básicas: - não podem ser ditas de. - não podem estar no sujeito.
As substancias 1º são condições de existências de todas as outras categorias. Estas devem suas existência as substancias primeiras.
Aristóteles- silenciou sobre o problema da estrutura da matéria ( desafio para a doutrina de substancia presentes nas categorias) de Sócrates.
Física- Sócrates é um composto hilemórfico (forma e matéria)
Filósofos Naturais-eliminativismo- Demócrito – entidades básicas( átomos e vazio);
Aristóteles rejeita a teoria de Demócrito pois acredita que o espaço é contínuo.
Aristóteles aceita que Sócrates é feito de partes, não de átomos, ele é composto por uma coleção de partes Y.
Não é o caso de Sócrates esta em Y? Essa coleção de partes é Sócrates. Sócrates não existe sem suas partes, então Sócrates esta em.
Com esse tipo de raciocínio, a substancia nas categorias não passa no teste de substancialidade, se levarmos em conta a estrutura interna do sujeito.
Assim: Y é Sócrates
Ele esta em Partes
Sócrates está na matéria
Logo: É dito DE
Esta Em
Aqui constatamos a falha nas categorias, o indivíduo não pode ser considerado substancia.
Então como consequência do hilemorfismo temos como candidato à substancia; Matéria, Forma e Composto.
141a 14-20 Física
“ Se a forma(eidos) ou a substancia, são substancia(ousia), não esta ainda claro”.
- De Amina” ( da alma) 412a 6-9 “ Nós expressamos bem um gênero particular de realidade falando da substancia, mas esta se entende aqui, seja como matéria( coisa que por si não constitui uma realidade singular) seja como forma( em virtude, do que precisamente se pode falar de uma realidade singular) seja em terceiro lugar como composto das duas.

Um comentário:

Leide Cunha disse...

bom dia, meu nome é leide faço filosofia na UECE, e gostei muito desse seu artigo sobre a metafisica de aristoteles, gostaria de saber se voce tem algo mais aprofundado sobre o livro Z (VII) da metafisica mais da parte dos capitulos 7 ate o 12, estou elaborando um seminario e estou tendo um pouco de dificuldade no desenrrolar desses capitulos.
Grata
meu e-mail:leidedccunha@hotmail.com