segunda-feira, 7 de setembro de 2009

ESTÉTICA E FILOSOFIA

Relação entre estética e ciência, na formação integral do homem contemporâneo.

Introdução

Dentro das perspectivas atuais sobre quais deveriam ser os objetivos de uma educação de qualidade, há uma forte tendência em se afirmar que, ao formar o indivíduo, o processo educativo seja capaz de fornecer-lhe os instrumentos necessários não só para que atue em sua realidade, cuja garantia se daria pela apropriação de conhecimentos, mas, sobretudo, para que atue de forma consciente, participativa e ética e, para tanto, é imprescindível que se alie os valores ao corpo de conhecimentos.
Ao contrário da apropriação dos conhecimentos, que pressupõe uma certa formalização e sistematização na construção de conceitos, objeto de extensos estudos das ciências os valores constituem, um domínio bem menos explícito da educação, porque implicam questões subjetivas que orientam nossa forma de agir e de pensar. Disso decorre, por exemplo, que muitas vezes as práticas educativas restringem-se ao domínio cognitivo e até mesmo a disciplinas específicas, sem preverem métodos que contemplem a formação de valores nos alunos, ainda que as propostas curriculares prevejam a dimensão filosófica na educação.
È de extrema importância a educação estética na formação cultural integral do cidadão, visto que. Esta é considerada por muitos estudiosos uma mediação essencial no processo de desenvolvimento humano.
As bases teóricas da Educação Estética se fundam em valores socialistas, implicando a formação do “homem novo”, isto é, ser autônomo e livre ou homens capazes de atitudes estéticas, críticas e criadoras nas relações homem-homem, homem-natureza e homem-sociedade.
Em busca de uma educação social do Homem, deve-se utilizar de concepção educativa do estético que não se limite ao plano didático-pedagógico, mas uma elaboração conceitual que conceba a educação artística como base do processo de desenvolvimento social, através da formação de uma atitude estético-crítica diante da materialidade histórico-social.
O estético assim compreendido relaciona-se com valores éticos, ambientais, laborais, políticos, culturais, produtos do desenvolvimento social, portanto, complexos fundamentais e atuantes na elevação do gênero humano, isto é, como atividade capaz de dar sentido ético à práxis social e a própria vida em sociedade.
Estética origem e relações com a Ciência
Estética (do grego αισθητική ou aisthésis: percepção, sensação) é um ramo da filosofia que tem por objecto o estudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte. Ela estuda o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como as diferentes formas de arte e do trabalho artístico; a idéia de obra de arte e de criação; a relação entre matérias e formas nas artes. Por outro lado, a estética também pode ocupar-se da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo.
A estética adquiriu autonomia como ciência, destacando-se da metafísica, lógica e da ética, com a publicação da obra Aesthetica do educador e filósofo alemão Alexander Gottlieb Baumgarten, em dois volumes, 1750-1758. Baumgarten traz uma nova abordagem ao estudo da obra de arte, considerando que os artistas deliberadamente alteram a Natureza, adicionando elementos de sentimento a realidade percebida. Assim, o processo criativo está espelhado na própria atividade artística. Compreendendo então, de outra forma, o prévio entendimento grego clássico que entendia a arte principalmente como mimesis da realidade.
Na antiguidade - especialmente com Platão, Aristóteles e Plotino - a estética era estudada fundida com a lógica e a ética. O belo, o bom e o verdadeiro formavam uma unidade com a obra. A essência do belo seria alcançado identificando-o com o bom, tendo em conta os valores morais. Na Idade Média surgiu a intenção de estudar a estética independente de outros ramos filosóficos.
No âmbito do Belo, dois aspectos fundamentais podem ser particularmente destacados:
· a estética iniciou-se como teoria que se tornava ciência normativa às custas da lógica e da moral - os valores humanos fundamentais: o verdadeiro, o bom, o belo. Centrava em certo tipo de julgamento de valor que enunciaria as normas gerais do belo.
· a estética assumiu características também de uma metafísica do belo, que se esforçava para desvendar a fonte original de todas as belezas sensíveis: reflexo do inteligível na matéria (Platão), manifestação sensível da idéia (Hegel), o belo natural e o belo arbitrário (humano), etc.
Mas este caráter metafísico e conseqüentemente dogmático da estética transformou-se posteriormente em uma filosofia da arte, onde se procura descobrir as regras da arte na própria ação criadora (Poética) e em sua recepção, sob o risco de impor construções a priori sobre o que é o belo. Neste caso, a filosofia da arte se tornou uma reflexão sobre os procedimentos técnicos elaborados pelo homem, e sobre as condições sociais que fazem um certo tipo de ação ser considerada artística.
Para além da obra já referida de Baumgarten - infelizmente não editada em português, são importantes as obras Hípias Maior, O Banquete e Fedro, de Platão, a Poética, de Aristóteles, a Crítica da Faculdade do Juízo, de Kant e Cursos de Estética de Hegel. Estéticas na história e na filosofia
Embora os pensadores ponderaram a beleza e a arte por milhares de anos, o assunto da estética não foi totalmente separado da disciplina filosófica até o século XVIII. Grécia antiga Os filósofos gregos começaram a pensar sobre a estética através de objetos bonitos e decorativos produzidos em sua cultura. Platão entendeu que estes objetos incorporavam uma proporção, harmonia, e união, tentando entender estes critérios. Semelhantemente, nas "metafísicas", Aristóteles achou que os elementos universais de beleza eram a ordem, a simetria, e a definição. Denominação central para estética
· Ciência do belo nas produções naturais e artísticas;
· filosofia do belo na arte;
Designação aplicada a partir do século XVIII, por Baumgarten, à ciência filosófica que compreendeu o estudo das obras de arte e o conhecimento dos aspectos da realidade sensorial classificáveis em termos de belo ou feio.
Educação Estética e Ciência juntas na formação do Homem

A Educação Estética do Homem é, inicialmente uma composição reflexiva como proposta de se ver o homem como organismo vivo em constante transformação no seu compromisso com a prática política
A qualidade estética no homem é que lhe permite a auto-determinação, porque lhe restitui a liberdade de fazer de si instrumento em evolução constante. Ser estético é superar a contingência dada pela natureza das coisas.
Antropologicamente o homem é, primeiro, sensível porque antes de ter todos os recursos da razão desenvolvidos, vive sob a primazia das leis dos sentidos. Experimenta, sente, responde fisicamente. A razão absoluta está nele, carecendo do trabalho constante para o amadurecimento e nisso a educação, seja pela imitação, seja pela construção no aprender, atua e desenvolve o papel constituidor do caráter. Esta é a concepção estética de Schiller, uma teoria de fases evolutivas, na qual a beleza não é objeto da experiência sensualizante e agradável aos sentidos apenas, com também não é construída somente pela razão porque o sensível e o racional devem estar postos em relação de equilíbrio harmônico no sujeito livre e este em relação de homeostase com os fenômenos.
A partir dos argumentos de Schiller deduzi-se que Todas as coisas que de algum modo possam ocorrer no fenômeno são pensáveis sob quatro relações diferentes, são elas:
➢ Uma coisa pode referir-se imediatamente a nosso estado sensível (nossa existência e bem-estar). Esse é seu caráter físico.
➢ Uma coisa pode referir-se a nosso entendimento, possibilitando-nos conhecimento, este é seu caráter lógico.
➢ Uma coisa pode ainda referir-se a nossa vontade e ser considerada como objeto de escolha para um ser racional. Este é seu caráter moral.
➢ Uma coisa pode referir-se ao todo de nossas diversas faculdades sem ser objeto determinado para nenhuma isolada entre elas, este é seu caráter estético.
Então como vimos, encontramos no pensamento Schilleriano, uma idéia que já havia no pensamento grego, a idéia que existe uma educação para a saúde, uma educação do pensamento, uma educação para a moralidade, uma educação para o gosto e a beleza.
A estética aqui assumi um importante papel na construção do ser humano, juntamente com a ciência ela deve ser desenvolvida com caráter fundamental na construção individual de cada um. Pois a Estética se nutre de certa concepção do homem, da história e da sociedade”, que em momentos determinados também fundamentaram tais práticas. Dessa forma, a Estética se firma “como uma ciência que por seu objeto e métodos se inscreve no espaço do conhecimento que também ocupam diferentes ciências humanas e sociais”.
Como toda ciência, a Estética pretende descrever e explicar seu objeto próprio: sua relação (histórica e social) com a sociedade, assim como a prática artística derivada dessa relação. Ocupa-se, pois, de certos fatos, processos, atos ou objetos que só existem pelo e para o homem. Existência que não se resume ao objeto portador de um poder estético, mas considera interferência do homem e do seu potencial de transformação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
SCHILLER, Friedrich von, A Educação Estética do Homem, Iluminuras, SP, 1995 KANT, Immanuel, Crítica da Razão Pura, Nova Cultural, SP, 1996

Um comentário:

Mauricio de Azevedo disse...

Olá Fabiane, como vai? Tudo bem contigo? Firme nos estudos?

Saudades da turma de Pelotas.

Gostei bastante de teus textos. Boa produção em quantidade e qualidade. Quanto a tuas teses sobre a concepção de Schiller, penso que tua percepção atinge o problema em seu cerne em dois momentos: a) de que a estética trata daquilo que envolve o todo de nossa compreensão (ou a livre disposição de ânimo gerada pela jogo de nossas faculdades, valendo-se de um registro kantiano); e b) há em Schiller uma educação do gosto e da sensibilidade não como algo novo, mas como uma retomada do projeto grego de uma educação da cidade, agora vista como uma educação do gênero humano. Mas a pergunta que fica é a seguinte: se a estética envolve o livre jogo das faculdades ou o todo da compreensão, por que então a educação estética envolve apenas o gosto e o sentimento de beleza? De mais a mais, sentir, agir e pensar estão atrelados no ser humano e a educação de Schiller é estética, mas é educação do ser humano.
Sigamos a conversa,
grande abraço.